⚽️ O Futebol pode ser bom para a maioria dos que nele militam!

O FUTEBOL TEM QUE SER (E PODE SER) BOM PARA A MAIORIA DOS QUE NELE MILITAM!

Os critérios para escolha dos presidentes das federações são legais. Do ponto de vista jurídico, é a legislação que está aí e que permite este modelo… Nada a questionar quanto à legitimidade. O problema é exatamente a legislação esportiva e o modelo estrutural do futebol brasileiro que está ultrapassado! É da década de 40, época do Estado Novo, Getúlio Vargas, flertando com o fascismo! Como consequência, é um modelo sem transparência, autoritário e elitista, facílimo de ser manipulado em benefício de quem está no poder… O exemplo da Federação Mineira é emblemático: Desde a década de 60 foi comandada por anos a fio pelo Coronel José Guilherme, que fez como sucessor seu filho Elmer Guilherme. Houve um breve período com a gestão de Alcyr Alvares Nogueira e depois o Elmer voltou e não largou mais! As denúncias de corrupção foram muitas! Depois entrou o Paulo Schettino que também não largava o osso! A FMF não tinha conta em bancos, estava negativada em todas as instâncias e sem nenhuma credibilidade! O seu papel sempre foi o de fazer as vontades dos grandes clubes do estado. Na época das eleições fazia-se um agrado aos clubes e às ligas desde que estes se comprometessem a votar pela continuidade. Modelo manjado, viciado, coronelista!

Os critérios de eleições embora por voto direto, estão longe de permitir o voto de vários dos principais atores do futebol nacional como atletas, treinadores, entidades de classe, etc. O mesmo se dá em relação à natureza das outras “entidades esportivas sem fins lucrativos” que são os clubes, com seus conselhos deliberativos ultrapassados e que perpetuam este modelo: Dirigentes escolhidos por um conselho, vão administrar o clube, muitas vezes de maneira irresponsável, pois não há a contrapartida de uma gestão profissional e com responsabilidade fiscal que os puna em caso de mau uso dos recursos do clube. Resultado: clubes cada vez mais endividados, muitos dirigentes saindo ricos após os seus mandatos, inúmeras suspeitas de corrupção, lavagem de dinheiro, apropriação indevida, dinheiro recebido “por fora”, etc.

O futebol brasileiro é Penta-campeão APESAR DOS NOSSOS DIRIGENTES! Essa é a verdade! Temos muita tradição e paixão pelo futebol, daí termos AINDA uma excepcional “Escola Natural do Talento” em nossas praias, pastos e ruas das cidades do interior, sendo este o motivo de revelarmos muitos jogadores habilidosos… Só que, a Copa 2014 mostrou que habilidade só já não basta mais! Os europeus nos deixaram muito atrás na chamada “Escola do Jogo”, que envolve organização, gestão, metodologia, trabalho de formação de longo prazo, profundo envolvimento e compreensão tática, detalhada análise de desempenho, etc.

Dirigentes abnegados? Não dá mais! Temos que ter dirigentes profissionais! Gestores com capacitação técnica adequada para o desempenho de suas funções das quais deve ser cobrada produtividade, resultados!

O futuro presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, afirmou que o futebol possui uma dívida quase impagável. Ironicamente, grande parte dessa dívida vem sendo aumentada desde 1979, ou seja, nos últimos 36 anos, que foi o período em que a CBF adquiriu mais poderes para gerir o maior patrimônio cultural de nosso povo. Como então podemos crer que a partir de agora a CBF conseguiria fiscalizar o futebol brasileiro?

Quem não fez nos últimos 36 anos, não fará à partir de agora, sobretudo sem haver uma mudança considerável na sua estrutura. Desde Heleno Nunes, que assumiu a CBF quando esta deixou de ser CBD por exigência da FIFA em 1979, que um mesmo grupo político comanda a entidade. Na verdade, apenas uma continuação do que acontecia na CBD. Houve um período de boa fama com Giulite Coutinho, mas depois assumiu o indefectível Ricardo Teixeira, genro de Havelange. A história mostra que eles não mudaram no passado, por isso o futebol paga o preço no presente e, se continuar assim, terá muito a sofrer no futuro.

Contudo, seria do interesse da CBF e dos clubes brasileiros que o Projeto de Lei que abate as suas dívidas sem exigir uma contrapartida fosse sancionado pela Presidente Dilma Rousseff. Tecnicamente, as dívidas teriam como contrapartida alguns parâmetros de boa gestão, porém, como se sabe, a CBF, que nunca fiscalizou isso, é que seria a responsável.

No mundo ideal, em que os clubes são bem geridos e que a CBF é capaz de cuidar do futebol, não haveria motivo para a existência das dívidas. Mas não foi isso que ocorreu. As dívidas estão aí, atrapalhando o meu e o seu time a cada dia, pois foram eles mesmos que as constituíram. A solução não é perdoar, não é sancionar essa lei; a solução é ter responsabilidade com a paixão dos torcedores. Se a CBF fosse uma entidade que tivesse cumprido com o seu papel nos últimos anos, não estaríamos aqui precisando acreditar que ela fará diferente daqui para frente.

Os campeonatos estaduais são tradicionais sim e importantes para os clubes do interior, mas são comprovadamente deficitários para os grandes clubes! Entendo que o modelo mais racional seria um campeonato estadual mais longo para os clubes do interior, com os grandes só entrando em uma fase final.

Os campeonatos estaduais de categorias de base, à medida que o tempo passa vem diminuindo o número de equipes participantes, pois, ou os recursos vão minguando, ou as exigências vão aumentado e, consequentemente, limitando as condições de se bancar as equipes.

O que é urgentemente necessário é um fortalecimento do futebol do interior, que deveria ser visto como a “célula mater”, a “galinha dos ovos de ouro”, para a formação adequada de novas gerações de grandes craques! Pelo contrário, os clubes do interior estão à míngua! Não chegam recursos, não há estrutura adequada, não há fiscalização, não há competições ao longo de todo o ano! Um quadro de calamidade social com cerca de 16.000 atletas, sem contar profissionais de comissões técnicas, trabalhando apenas durante 2 ou 3 meses, com salários baixíssimos e, na maioria das vezes, sem recebê-los!

Temos que fortalecer as federações e ligas, fazendo chegar recursos (mas com a contrapartida de fiscalização e sanções rigorosas) e dando autonomia para organização de competições perenes regionalizadas, o que desoneraria a CBF, dando lhe também agilidade e dando ao mesmo tempo mais funções e utilidades às federações estaduais!

A CBF, “entidade esportiva sem fins lucrativos” faturou em torno de 400 milhões no ao passado! O que ela faz com tantos recursos? Não poderia investir mais nestes clubes e nas federações?

Será que o papel da CBF seria mesmo gerir os rumos do futebol brasileiro em todos os aspectos? Não seria mais racional a CBF cuidar das seleções e do fomento ao futebol de base e do interior e deixar que os clubes sejam livres para organizar suas ligas? Os dirigentes da CBF, federações, clubes, redes de TV, etc. não conseguem enxergar que o processo de “espanholização” que estamos prestes a vivenciar não é benéfico para o nosso futebol?

A mentalidade dos poderosos que comandam o futebol brasileiro é imediatista e bitolada. Não enxergam que o produto “Futebol Brasileiro”, poderia, se bem explorado, ser uma NBA do futebol mundial. Cada um pensa somente em si e na antecipação das cotas para saldar dívidas imediatas já contraídas… “vendem o almoço pra pagar a janta”! O modelo da Premier League inglesa deveria ser copiado se houvesse realmente uma mentalidade de NEGÓCIO. Lá, o montante distribuído entre os clubes obedece a um critério de manutenção de um maior equilíbrio financeiro entre todos os clubes participantes: O último colocado na liga recebe 60% do montante que recebe o campeão, conseguindo com isto manter um produto atraente ao público consumidor com jogos equilibrados e de bom nível técnico pois todos os clubes estarão sempre com um bom poderio econômico para investimentos em seus times.

Por aqui, com este processo de “espanholização”, a tendência é que dentro de alguns anos tenhamos Flamengo, Corinthians e o São Paulo, por exemplo, como o Real e Barcelona do Brasil, gerando um abismo que pode acabar com a “galinha do ovos de ouro” do futebol brasileiro, que seriam os inúmeros clubes de menor porte espalhados pelo país.

Enquanto isso, seguimos com uma economia do futebol baseada no PRODUTO (jogadores para serem exportados) ao invés de BUSINESS (espetáculos de qualidade)! Não tenho dúvidas de que os americanos vão dar um show com o fortalecimento de suas ligas de SOCCER!

Investimento em metodologia de treinamento: Como já citei, a Copa 2014 mostrou claramente a distância metodológica dos europeus em relação ao Brasil. Nossa soberba escorada na história vitoriosa do nosso futebol fez com que ficássemos para trás na questão da capacitação técnica de nossos treinadores e de nossos jogadores! Repito: Ainda temos a “escola do talento natural”, mas por outro lado, não só os europeus como também vários sul americanos, já nos deixaram para trás na chamada “escola do jogo”. O Brasil precisa acordar para a metodologia sistêmica adotada pelos europeus e cujos maiores expoentes no momento são Mourinho e Guardiola. Precisamos capacitar nossos treinadores de categorias de base para isto! Na verdade já temos alguns jovens treinadores com este conhecimento, mas sem oportunidades! Precisamos iniciar este novo ciclo para que a médio prazo possamos formar uma nova geração de atletas rápidos, técnico e inteligentes (táticos) que, aliados ao nosso talento natural, seriam novamente vitoriosos no cenário mundial.

Entendo que a norma de proibição à participação dos empresários em percentuais dos direitos econômicos de atletas vais gerar, a curto prazo, um quadro de crise financeira nos clubes. Por outro lado, aqueles clubes que se mostrarem competentes em gestão e investimento efetivo em suas categorias de base, sairão fortalecidos em médio e longo prazos. É uma medida que poderá ajudar a moralizar o ambiente financeiro do futebol brasileiro. Temo apenas que estes agentes encontrem meios de ludibriar esta norma!

O papel do agente de futebol tem que ser revisto e espero que esta norma seja efetiva e eficaz para que sua atuação se restrinja apenas à representação do atleta e intermediação deste nas transações.

As propostas de Fair Play financeiro e responsabilização dos dirigentes são muito bem vindas! Não é culpa dos atletas e treinadores famosos os salários absurdamente altos que recebem, mas sim dos dirigentes irresponsáveis que não são obrigados a prestar contas sobre o mau uso dos recursos dos clubes e muito menos obrigados a ressarcir os cofres dos clubes quando lhes causam prejuízos!

O revés humilhante na Copa não apaga nossa história vitoriosa, mas é um sintoma muito claro de nossas doenças: Soberba e arrogância, causadas justamente pelas vitórias do passado e que nos levaram a acharmos que sabemos tudo e que não temos nada a aprender!

Creio que a Presidente da República, até que enfim, deu uma dentro! Não haveria mesmo cabimento, diante da situação caótica que o nosso futebol vive, oferecer refinanciamento das astronômicas dividas dos clubes sem que houvesse uma contrapartida de responsabilidade fiscal por parte dos nossos dirigentes! Caso contrário, só iríamos adiar mais uma vez, permitindo um crescimento ainda maior dessa já monstruosa bola de neve e perpetuando este estado de coisas, um verdadeiro bordel em que os clubes ficariam cada vez mais endividados enquanto alguns dirigentes e agentes cada vez mais ricos!

O FUTEBOL BRASILEIRO TEM QUE SER (E PODE SER) BOM PARA A MAIORIA DOS QUE NELE MILITAM E NÃO APENAS PARA UMA MINORIA DE PRIVILEGIADOS! UMA QUESTÃO DE JUSTIÇA SOCIAL!

⚽️🇧🇷🏆 FRANCISCO FERREIRA
CEO do Centro de Excelência em Performance de Futebol 
Gestor Técnico / Executivo de Futebol 
Representante WFA & GPS no Brasil
Associado ABEX-Futebol
CBF Licença A
+(55) 31 99104-9620 / 3444-4724  
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