A SOBERBA DO FUTEBOL E O CLUBE-EMPRESA
Provérbios 16:18-19
18 A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda. 19 Melhor é ser humilde de espírito com os mansos do que repartir o despojo com os soberbos.
Pois bem, estou no ramo do futebol há muitos anos e, mesmo com a expectativa de aprovação do PL do Clube-Empresa no Senado – que não sabemos ainda o quanto poderá ser “desidratado” pelos oligarcas de sempre, interessados apenas na manutenção do status quo – o fato é que a imagem de credibilidade necessária para a atração de investimentos ainda não foi consolidada no Cruzeiro: As inferências políticas travam o clube.
E por que digo isto? Ora… Qualquer possível investidor interessado, com certeza vai pesquisar o histórico do clube para saber a sua real situação e assim, ao se deparar com as informações, que aliás são de domínio público, sobre a abominável corrupção e má governança que levaram ao absurdo endividamento do clube, inevitavelmente vai ficar sabendo também que, com exceção daquele ser abjeto que atende pelo nome de Itair, o capiau estelionatário, pra mim, uma espécie de “Lula misturado com Dilma” do futebol!… todos os outros responsáveis pela catástrofe continuam no clube, seja como sócios, ou conselheiros. Ou seja: impunidade! Que por sua vez é sinônimo de insegurança jurídica e fragilidade institucional! Primeiro motivo para um sonoro “NÃO”!
Mais: Os clubes brasileiros, ao que parece, ainda não se deram conta de sua situação. Uns por ufanismo-paixão, outros por falta de conhecimento-noção da realidade, outros por pura vaidade, por não quererem abrir mão do poder e dos holofotes! A esmagadora maioria devendo até as cuecas, mas apenas uns dois ou três já aceitaram inverter a relação de participação societária de 51/49 para 49/51, fazendo assim do investidor o majoritário. O América entre eles, e com isso já conseguiu um sólido grupo de investidores norte-americanos ligados ao esporte e que já atua em outros clubes! Essa condição é imprescindível! Pois qual investidor seria ingênuo ao ponto de assumir todas as dívidas, todo o risco e ainda ficar minoritário, sem poder de decisão, sem ter a palavra final?! Segundo motivo para outro também sonoro “NÃO”!
Se clubes do porte de um Cruzeiro, por exemplo, mesmo com seus conselhos deliberativos omissos, ou coniventes, ou partidários da impunidade, aceitarem alterar o estatuto para que o investidor seja majoritário, atrairão grandes investidores no dia seguinte!
O fato de se tornar clube-empresa, por si só, não quer dizer que vá ser um sucesso, mas é ponto pacífico que investidores vão olhar com muito mais cuidado e carinho para o clube, pois colocaram seu dinheiro lá, afinal, trata-se de business! Uma questão de lógica e instinto natural! Logo, vão exigir resultado operacional, o que, por sua vez, é condição facilitadora para a performance dentro de campo! Vão exigir e promover a implantação das melhores práticas de gestão e governança corporativa, com o objetivo de criar condições para um crescimento sustentável: enxugamento, saneamento financeiro, resgate da imagem e da credibilidade, atração de bons parceiros e colaboradores, até chegar ao ponto de se tornar novamente competitivo financeiramente no mercado e então poder montar equipes competitivas através de bom trabalho de base (projeto técnico) e também com saúde financeira para fazer contratações de qualidade: CR Flamengo! Ciclo virtuoso instalado! Moto contínuo de uma máquina capaz gerar receitas e reinvestir, sempre crescendo!
Bem diferente de um dirigente estatutário, mero torcedor apaixonado, que faz um monte de dívidas para montar equipes através de contratações de medalhões sem ter lastro financeiro, tentando não ficar pra trás do clube rival e depois vai embora sem que seja nem sequer responsabilizado por isto! Insano e insustentável!
Quanto ao temor por possíveis mudanças de nome, cores, escudo, etc., logicamente que devem ser elaboradas cláusulas bem específicas, claras e detalhadas sobre o tema, mas na verdade é mais um temor infundado de torcedores apaixonados, pois o investidor sabe muito bem o poder da marca, da camisa, da história, da tradição e é isto, em última instância, o que ele está “comprando”: A paixão de uma torcida como a do Cruzeiro com seus nove milhões de potenciais clientes, seu público-alvo, o seu consumidor! Nada que se compare com o case RedBull-Bragantino: um clube pequeno, do interior, sem camisa, sem tradição em que a fusão com a gigante austríaca só trouxe benefícios, inclusive na própria mudança de nome, escudo e uniforme! Enfim, uma outra realidade!
Semana passada saiu uma reportagem com o Gustavo de Almeida Magalhães, responsável pelo clube-empresa do Botafogo… o cara tá no mundo da lua! Suas projeções são absolutamente fantasiosas e fora da realidade! Ou seja, um cara que até entende de finanças e gestão corporativa, mas totalmente alienado do que seja o mundo do futebol! Típico raciocínio de alguém que imagina que o Fogão ainda carrega a áurea de seus tempos de glória! Um choque de realidade se faz necessário! Humildade! Pés no chão!
Concluindo: se um Conselho Deliberativo, mesmo que corrupto, tiver pelo menos algum amor ao clube, toparia rever a questão da proporção societária e assim tem-se pelo menos dois pontos extremamente positivos: 1º) Salvação do clube com a chegada dos investidores e seus aportes financeiros; 2º) A não ingerência deste CD nas questões de futebol, finanças, etc. Ou seja, poderiam até continuar dando as cartas lá naquelas questões da política baixa que eles tanto prezam, mas não mais impedindo a modernização do clube por conta de seus mesquinhos interesses políticos! E, podem escrever pois tenho essa informação: se o investidor for majoritário, virá é gente grande pra comprar estes clubes! Alguns deles, só pra se ter uma ideia, dos mesmos grupos de investidores dos clubes ingleses!
FRANCISCO FERREIRA
Gestor Esportivo
www.ceperf.com.br
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