Futebol: “jestão” e Gestão!
Um piloto de aviação comercial, ou um Navy Seal (militar de Operações Especiais da Marinha dos Estados Unidos), ou um neurocirurgião, por exemplo, são obrigados a seguir rígidos protocolos e procedimentos padrões de segurança, adotados universalmente, seja no Brasil, na França, ou no Cazaquistão! Isto porque são atividades de risco e que ao menor deslize podem ocasionar mortes!
Como futebol não se trata de uma questão de vida ou morte, este meio acaba aceitando tudo! Daí temos uma cultura da subjetividade, das opiniões ou experiências pessoais e do achismo! Cada um faz o que quer, porque acha que é o certo, ou apenas copia porque viu alguém fazendo e achou bonito! E vida que segue, entra ano, sai ano!
Na “jestão do futebór”, amplamente dominada pela cultura da malandragem, da “boleiragem”, e pela legislação retrógrada que blinda o modelo associativo até então vigente, as coisas não são muito diferentes. Este modelo falido e insustentável permite o ciclo vicioso de gestões, ou ingênuas, ou irresponsáveis, ou até mesmo criminosas! É muito comum ter gente que não é do ramo, gente que é apadrinhada, gente que acha que porque jogou conhece de gestão, ou gente que, porque gosta, acha que entende! Na verdade, todo mundo acha que entende de futebol!
Vejo os primeiros meses de Ronaldo “Fenômeno” à frente do Cruzeiro e tiro o chapéu! Fazendo direitinho até mais do que se esperava: Cercou-se de gente competente, teve peito para tomar medidas impopulares como, por exemplo, não renovar com o icônico goleiro Fábio, e vai fazendo o que deveria ter sido feito há muito tempo: sanear as finanças, enxugar a máquina, conter despesas, não gastar mais do que arrecada, buscar o resultado operacional, enfim: ser responsável e reconstruir passo a passo a credibilidade do clube perante o mundo. Estou achando que ele conseguirá recuperar o clube bem antes do que se esperava!
É uma questão de visão, de sabedoria, de ser humilde e realista, mantendo os pés no chão. Entender que há projeto a ser constituído com consistência e convicção, processos, etapas e prazos a serem obedecidos! Coisas básicas: RH, Implantação, Desenvolvimento, Amadurecimento, Resultados! Não esperam soluções mágicas, ou o socorro de políticos!
É muito fácil fazer gestão vitoriosa tendo um caminhão de dinheiro para gastar! Basta ter um mínimo de gestão de pessoas que o resultado pode vir! O problema é que, quando este caminhão de dinheiro não é seu, a conta vai aparecer, mais cedo ou mais tarde, pois estes projetos não possuem muita consistência e nem longevidade!
Os modelos de gestão que mais me fascinam são aqueles em que clubes com menor poderio financeiro conseguem realizar um trabalho redondinho, investindo certo, sem contratações bombásticas, valorizando as ciências do esporte, as categorias de base e sabendo qual é o seu tamanho e onde querem chegar! Possuem visão, missão e propósito muito bem definidos, e que nunca são descartados por conta de algum possível insucesso, como por exemplo, a perda de um clássico ou de um campeonato para o seu maior rival, ou a troca constante e incoerente de treinadores!
Gosto de mentalidade arejada, de gente que entende que o jogo é jogado e que do outro lado também tem gente que se preparou, que entende que há também questões aleatórias e multifatoriais dentro de uma modalidade tão sujeita às complexidades deste jogo coletivo que envolve 22 jogadores, um enorme campo de jogo, e ainda com o uso exclusivo dos pés e cabeça, portanto, muito menos precisos do que as modalidades praticadas com as mãos! Tão apaixonante, que possibilita até mesmo que um time mais fraco possa bater um mais forte!
Neste domingo teremos um duelo que estou esperado com muita expectativa: Um Atlético cheio de estrelas contra um Cruzeiro humilde e em formação, mas acima de tudo, aguerrido e ousado em sua proposta de jogo! Espero um jogo muito disputado!
Francisco Ferreira
Gestor Esportivo
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