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CRISE NO CABULOSO?
No domingo passado o Cruzeiro deixou escapar um título que estava nas mãos, e um título que seria muito importante para afirmação de sua trajetória de reconstrução. A torcida fez sua parte quebrando recorde de público do novo Mineirão e mais uma vez mostrou que abraça o time.
Doeu no torcedor, que anda carente de conquistas desde a gestão criminosa que quase fechou o clube. Mas para quem vê o futebol de modo mais racional, trouxe também algum alento, pois o Cruzeiro jogou de igual pra igual contra seu maior rival que tem elenco milionário, mais qualificado, mais badalado, etc. etc., e só não foi campeão por conta dos equívocos nas substituições do Larcamón.
Ninguém pode negar que a gestão Ronaldo vem fazendo exatamente aquilo que prometeu. Nem mais, nem menos. Erros e acertos, mas apostando e bancando o seu projeto de um crescimento sustentável, degrau por degrau, sem atropelos, enfim, consistente em direção à auto sustentabilidade no médio prazo.
Achei acertada e racional a volta do Seabra: já conhecido e ambientado, conhecedor do projeto e da cultura que a gestão do clube defende, conhecedor da base, elogiado pelos jogadores… acho que precisa só fazer um “feijão com arroz” honesto. Escalar os melhores, encontrar logo um time base, dando sequência sem mudar a toda hora, respeitar ambiente e cultura, transpirar credibilidade.
Dentro desta chamada cultura do futebol, tem coisas que os próprios jogadores não aceitam muito, como por exemplo: improvisar jogadores quando se tem disponíveis os que são especialistas na posição; deixar de escalar os que vivem melhor momento; tirar a faixa de capitão de um jogador que já tenha uma liderança consolidada; punir jogadores com banco, ou treino à parte, quando o mais sensato seria multa salarial (a não ser que seja falta mais grave); ter a humildade e confiança para ouvir os atletas nas questões táticas… enfim, coerência nas ações!
O jogo de ontem, que imaginei que seria uns 5×0 pelo que vimos no primeiro tempo, trouxe algumas questões a serem debatidas internamente. Cabral falhou… e vem cometendo falhas até com uma certa frequência. Não foi o caso do gol de empate do Saravia no clássico. Aquela bola nenhum goleiro pegaria, mas como a torcida do Cruzeiro é chata e exigente, acostumada com ninguém menos que o Fábio… pegou no pé do Cabral desde o início.
O mesmo se deu com o Neris. É patente que se trata de um zagueiro tecnicamente limitado. Tem dificuldades nos passes, na saída de bola. Não é um zagueiro para a proposta de construção desde a defesa. No meu entender, a zaga titular deveria ser Zé Ivaldo e João Marcelo.
Entendo também que o meio de campo deveria ser composto por Romero, Lucas Silva e Cifuentes deixando o Matheus Pereira com mais liberdade para criar. Sim, são 3 os volantes… mas que destroem bem e sabem sair pro jogo. O mesmo pode-se dizer em relação ao Ramiro, mas este ainda precisa de uma sequência para recuperar o ritmo após longa recuperação de cirurgia.
Espera-se que o Verón resgate o seu futebol da época de Palmeiras e, assim como ocorreu com o William, o trabalho do Núcleo de Saúde e Performance o ajude a superar a sequência de lesões através de controle de cargas, força específica e equilíbrio muscular.
Barreal e Villalba também precisam de sequência, até mesmo para que possam ser melhor avaliados. Performance no futebol não tem muito mistério: continuidade, sequência de jogos, adquirir ritmo, entrosamento e confiança.
Eu sugeriria que Cabral e Neris não fossem escalados contra o Botafogo. O Cabral ainda acho que dá pra se recuperar, mas se tiver que voltar, que seja escalado em algum jogo fora de casa.
Sendo realista: Dinenno, Vital, Arthur, Rafael Elias, Rafa Silva… são todos medianos. Dos jovens, há boas promessas como o Japa, Robert, Kaíque, Vitinho, João Pedro… tem ainda o Bilu voltando agora e que vinha muito bem até sofrer a grave lesão.
Que o torcedor não espere nenhuma contratação bombástica! Cruzeiro não compete mais (pelo menos por enquanto) na qualificação de seu elenco, com clubes mais poderosos financeiramente, em termos de contratações. PONTO!
O caminho continuará sendo o até agora proposto: consolidar uma gestão técnica de excelência do futebol desde a base; tentar trabalhar com a menor margem de erro possível na gestão do futebol profissional; assim como uma gestão de excelência de RH e financeira para o clube como um todo.
Saudações!
Francisco Ferreira
Gestor de Futebol
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