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O ALERTA DE LILLO É NOSSO TAMBÉM!
Assita a esse vídeo do Fred Caldeira e suas considerações: https://www.youtube.com/watch?v=_HjVhaM1ego
O Lillo é fera demais! Mas o tema é bem complexo e é praticamente impossível debater ou resumir em poucas palavras… mas muitas vezes se parece com o dilema do “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”, não?
Nos vários cursos que fiz e/ou promovi do Verheijen, vi nele um desejo genuíno, um ideal mesmo de busca pela elevação do nível dos treinadores, e isso ele defende essencialmente através da educação/capacitação dos treinadores. Uma analogia que ele usa à exaustão é a da comparação entre um neurocirurgião, ou um piloto de aviação comercial, ou de um mariner, por exemplo, com o treinador de futebol: nestas 3 profissões, não pode haver erro, há protocolos internacionais a serem seguidos, exatamente porque se trata de questão de vida ou morte… já no futebol, como não há essa gravidade, acaba-se por aceitar tudo: cada um treina de um jeito e fundamentado muito mais em experiências e opiniões pessoais. Assim, ele tenta trazer um conhecimento embasado em referências objetivas (o que fazer) de modo a potencializar a performance, mas deixando o estilo (como fazer/jogar) a critério dos treinadores. Num debate que fizemos em um dos cursos dele no Benfica em 2017, ele também questionou essa obsessão por copiar ou padronizar tudo… o jogo em dois toques, por exemplo: “porque, se não é parte da regra do jogo”?…
O Fred Caldeira também é foi muito bem nas análises. O tal “Fordismo” impregna a sociedade moderna e por consequência o futebol. Velocidade e padronização de produção. Eu tenho a tendência a achar que o jogador mediano, até se beneficia dessa padronização e consegue ser mais produtivo, mas o problema está em querer impor isso ao fora de série, tolhendo-lhe na sua autonomia e potencial criativo… mais grave ainda se for na formação de base: robozinhos produzidos em série.
A frase do Lillo: “ao tentar respeitar as individualidades, acabamos uniformizando as formas de treinamento e os atletas de contextos culturais muito diferentes, acabam por treinar igual em qualquer lugar do mundo”… eu acho que carrega esse dilema: Sim, padronizou, os medianos se tornaram mais produtivos, mas o futebol ficou mais chato.
Neste sentido, o movimento pelo resgate das raízes do futebol brasileiro, “se divertir jogando”, parece que pode ser uma saída, mas fico a divagar: se a seleção de 70, mesmo submetida à mesma preparação física e condições de hoje, conseguiria encantar contra o futebol atual de tanta marcação? Poderia até encantar, mas será que ganharia, dado que o único resultado que importa é ser campeão? Ou poderia ganhar, mas não encantaria? Não consigo responder isso…
Acho que ainda há encanto graças àqueles que ousam pensar fora da caixa (Guardiola, Diniz…), mas no geral…
Em suma, acho que o dilema está aí: ganhar x encantar… 1982: Itália 3×2 Brasil… pragmatismo x saudosismo…
Saudações!
Francisco Ferreira
Gestor de Futebol
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