⚽ GESTÃO DO FUTEBOL x “JESTAUM DU FUTEBÓR”!

GESTÃO DO FUTEBOL x “JESTAUM DU FUTEBÓR”!

Inegável que o recente advento das SAFs veio trazer um novo cenário ao futebol brasileiro e com ele coisas boas e coisas ruins. Para alguns a salvação, para outros, uma concorrência desigual.

Algumas constatações: o futebol brasileiro nunca esteve tão inflacionado! Neste sentido, a não ser exceções como o Flamengo que atingiu nível de faturamento de clube europeu, quase todos os outros são deficitários e praticamente insustentáveis.

Há no entanto, particularidades próprias do futebol brasileiro: em torno de 12 clubes com muita história, “camisa” e apelo popular, gerando um certo equilíbrio de forças até anos recentes, mas isso é algo que tem tendência a desaparecer com o tempo naquilo que chamamos de “espanholização”, com uns 2 ou 3 clubes ficando em um patamar superior e os demais num bloco intermediário.

Gestão do futebol no Brasil é um campo minado, pois envolve muita paixão, seja de torcedores, mídia, patrocinadores e até mesmo dos próprios gestores. Não há tempo, prazo, etapas a respeitar para maturação de projetos. Pelo contrário, os resultados/performance são exigidos para ontem, como se houvesse alguma mágica!

Eu, particularmente, como gestor de futebol, divido os modelos ou caminhos para gestão do futebol da seguinte forma:

  • Gestão do Poderio Financeiro
  • Gestão Técnica (Racional)
  • Gestão Passional

Sendo que muitas vezes elas se misturam. Exemplo: o próprio Flamengo! Tem poderio financeiro, tem gente competente para elaborar um projeto técnico, mas tem também muita paixão envolvida! A constante troca de treinadores quando os resultados não aprecem de imediato são a prova de uma expressão que tenho usado muitos nos últimos tempos: “o futebol brasileiro é esquizofrênico”! Havendo uma dicotomia que afeta até a mim, gestor, que consigo enxergar com olhos mais racionais: meu lado gestor sabe que é preciso tempo para consolidação de um projeto e isso exige alguns ingredientes como: convicção, paciência, maturação, determinação para suportar pressões, responsabilidade… mas ao mesmo tempo o meu lado torcedor quer resultados!

Fica-se entre a cruz e a espada! E todos sabem que clube grande é assim mesmo… o que muitos não tem noção é que até mesmo em clube pequeno, sem um mínimo de estrutura, sem nem mesmo pagar os seus salários miseráveis, há cobranças por resultados! Faço aqui analogia a uma nefasta cultura do “coronelismo” político que ainda impera neste país dos “privilegiados da corte” versus o povão, a massa de manobra que banca e mantém tudo como está em troca de migalhas! Tipo: eu sou o presidente/diretor, você (treinador/jogador) é meu empregado… agradeça pelo emprego!

Gosto muito de estudar os modelos de gestão bem-sucedidos que não inviabilizam/endividam os clubes: Eduardo Bandeira de Mello (o CRF deveria fazer uma estátua para ele!); Chape (antes da tragédia do acidente aéreo); Leicester City (2016); Fortaleza (atual); Athletico PR (ao longo dos últimos 30 anos); São Caetano (início dos anos 2000)…

Penso que as receitas do Flamengo são o sonho de qualquer clube. Alcançou a independência financeira e pode contratar quem ele quiser. Vai estar sempre brigando por grandes títulos. Os demais clubes grandes mas com menor poderio, deveriam mirar na gestão racional, pés no chão e com baixa margem de erro. Saber o seu tamanho, o seu limite, mas ter convicção quanto ao seu projeto e visão sobre onde quer chegar. Geralmente fazem boas campanhas e beliscam um título aqui e outro ali. Alguns clubes, por outro lado, se arriscam investindo muito, chegam a conquistar grandes títulos, mas a conta vem depois (dívidas) e não conseguem mais se sustentar no mesmo nível de performance nos anos subsequentes (Cruzeiro depois de 2014; Atlético depois de 2021; Botafogo depois de 2024…).

É possível se tornar sustentável? É possível ser superavitário? É! Mas não espere resultados imediatos, nem ganhar sempre. Um dos caminhos/segredos passa por uma gestão de excelência nas categorias de base: formar bons jogadores sem gastar rios de dinheiro em contratações de jogadores medalhões que muitas vezes podem não dar o retorno esperado! 

 

 

Saudações!

 

 

Francisco Ferreira (Chico)

Gestor de Futebol filiado à ABEX

ceperf.com.br

 

 

 

Share Now

Related Post

Escreva seu comentário