⚽ PANORAMA DA SEMANA NO MUNDO DA BOLA BRASILEIRO

(Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

ERROS RECORRENTES: COINCIDÊNCIA, OU INTENÇÃO?

O clássico Cruzeiro x Atlético do último domingo mostrou uma realidade cristalina aos olhos de todos: o Cruzeiro em uma crescente vertiginosa e apresentando a cara de seu excelente treinador, com um futebol rápido, agudo, vertical (como há muito seu torcedor não via), intenso e envolvente. Por outro lado, um Atlético limitado na criação e dependente do talento individual de seu principal jogador, esperando que em algum lance fortuito ele possa decidir.

Mais uma vez, o Cruzeiro prejudicado pela arbitragem e pelo VAR que deixaram de apontar pênalti claríssimo e, o mais absurdo: em dois jogadores no mesmo lance! Não há desculpas! E a recorrência faz com que suspeitas passem a ser obrigatoriamente levantadas. Um segundo amarelo e vermelho para o Alonso também seria perfeitamente aplicável.

Infelizmente, a velha máxima de que no futebol muitas vezes não basta ser forte só dentro de campo, mas é preciso o ser também nos bastidores, emerge como uma verdade que nem todos confessam. O Atlético campeão de tudo em 2021 era inegavelmente forte nos bastidores e no âmbito doméstico, continua sendo.   

O resultado para o Cruzeiro teve sabor amargo e para o Atlético foi comemorado tal a disparidade daquilo que mostraram em campo.

GESTÃO DO FUTEBOL

Tem me chamado atenção a multiplicação de cargos e funções nos clubes brasileiros nos últimos anos: CEO, superintendente, diretor técnico, diretor executivo, gerente, coordenador técnico… eu, particularmente tenho uma visão de que muito cacique, muita gente comandando pode fazer mais mal do que bem.

Me lembro que nos meus quase 12 anos no profissional do Cruzeiro, período dos mais vitoriosos na história do clube, um dos segredos era o futebol sendo comandado por poucas pessoas: os irmãos Perrella, Maluf, Valdir Barbosa e Benecy… Ponto! Ninguém mais! E dava muito certo! O ambiente sempre blindado, resiliência para suportar as poucas crises que surgiam e o clube seguia ano após ano conquistando títulos, revelando jogadores, vendendo bem e se mantendo dentro de uma saúde financeira que lhe permitia sempre atrair grandes jogadores, treinadores e parceiros. Além, é claro, de um custo bem menor.

No âmbito macro (gestão do futebol brasileiro) não chega nem a causar alguma perplexidade mais o descaramento com que os rumos da CBF tem sido tratados. É coisa de máfia, de gangster mesmo! Compra de votos feita às claras e toda sorte de manobras para, não só a perpetuação, como até o aumento despropositado de seu já enorme poder. A “galinha dos ovos de ouro”, o potencialmente valiosíssimo produto “Futebol Brasileiro”, segue refém de uma estrutura arcaica estribada na politicagem das “entidades privadas sem fins lucrativos”, que são, em suma, um sedutor convite à corrupção. Numa CBF bilionária, o que importa é grana e poder, daí colocarem agora um obscuro presidente da federação de Roraima… alguém pra dançar conforme a música! É um espelho do que ocorre no congresso com presidentes do Amapá (senado) e da Paraíba (câmara). Valores e princípios ficam em segundo plano. Até o STF, mais sujo que pau de galinheiro, está envolvido! Tudo dominado, pois “o Sistema é foda, parceiro”!

Fico aqui pensando indignado: será que não existe gente honesta, idealista e bem intencionada neste meio? Tudo tem que ser na maracutaia? É só gente que quer tirar vantagem em tudo?   

ACERTO

O Cruzeiro, apesar o início de ano tumultuado, acerta em dar continuidade e moral a Leonardo Jardim que vai assumindo funções extras na estrutura do futebol. Sim, a continuidade permanece sendo um dos principais segredos para se alcançar a performance esportiva, pois permite a maturação de projetos e a consequente assimilação da filosofia/modelo de jogo. Portanto, não é por acaso a boa fase do time dentro de campo.

PREVISÃO

Arrisco dizer que o Cruzeiro se apresenta hoje como potencial candidato aos títulos da Copa do Brasil e do Brasileiro. Neste sentido, acho até boa a eliminação na Copa Sul-americana, pois diminui o desgaste da maratona de jogos e vai facilitar a manutenção do time em estado de condicionamento e frescor (não fadiga), que certamente afetará aqueles que permanecerem disputando 3, ou até 4 competições simultaneamente (um dos maiores absurdos do nosso calendário).   

CRESCIMENTO

Muito bom ver o crescimento de um jogador como Lucas Silva, na minha opinião, desde que voltou ao cube, um dos mais regulares e lúcidos do elenco, além de um líder positivo, atleta exemplar, que serve de exemplo aos demais. Lucas, quando foi comprado pelo Real Madrid, não deu certo lá, entre os puro-sangue do futebol mundial, que exigem uma rapidez extraordinária na tomada de decisão: antes da bola chegar aos seus pés, os jogadores já devem ter decidido o que fazer com ela. Pois bem, se ele não era tão veloz neste quesito e nem na velocidade de deslocamento, o tempo lhe deu a maturidade para ter essa lucidez que citei e encontrar caminhos e espaços dentro de campo. E no final, é como sempre digo: quando o time cresce coletivamente, todos ganham confiança e todos crescem juntos e individualmente. Além do Lucas, temos Villalba, Caíque, Romero, Fagner, Christian, Kaio Jorge… todos eles  jogando muito bem! Parece que deu liga! Ao que tudo indica, o Cabuloso finalmente se ajustou e vem forte para buscar alguma taça neste ano de 2025!

 

Saudações!

 

Francisco Ferreira

Gestor de Futebol filiado à ABEX

ceperf.com.br

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