⚽️ COMO TREINAR FUTEBOL

COMO TREINAR FUTEBOL

HIERARQUIA: A TÁTICA É MAIS IMPORTANTE DO QUE O FÍSICO!

FUTEBOL FITNESS: MAIS AÇÕES POR MINUTO E MANTER RITMO DE JOGO POR MAIS TEMPO.

BOM CONDICIONAMENTO & DESCANSO x MAL CONDICIONAMENTO & FADIGA

TREINAR MAIS NÃO SIGNIFICA TREINAR MELHOR!

SOBRECARGA NA FORMAÇÃO DE BASE

O futebol moderno, quando analisado em termos de alto rendimento, é um desporto de intensidade, diferentemente de um desporto de duração onde se treina MAIS (volume), mas em intensidade submáxima. Assim, treinar MELHOR e na máxima intensidade é o que importa no futebol de alto rendimento, o que se traduz em qualidade das ações.

Como desporto coletivo, modalidade aberta/acíclica de natureza aleatória, com predomínio de esforços do tipo aeróbio em termos de volume, mas intermitente e com preponderância anaeróbia alática em termos de intensidade, e no que tange às ações decisivas = Esforços máximos de curta e curtíssima duração (< 10), com arranques, frenagens, saltos, giros, mudanças de direção… em distâncias que variam predominantemente de 3 a 15m, raramente ultrapassando os 40m, é influenciado por uma infinidade de variáveis táticas, com interações complexas e dinâmicas em um campo de jogo de grandes dimensões e grande número de atletas envolvidos, restringidos ainda (exceto os goleiros) ao uso quase que exclusivo dos pés… É portanto, um jogo complexo e de elevado grau de dificuldade! Exatamente por isso, seus placares são relativamente pequenos quando comparados com outras modalidades de jogos esportivos coletivos.

O tempo médio de bola em jogo em uma partida é de 60′ e o de bola fora de jogo é, em média, de 30′. As ações com a bola, duram, em média, 30″, seguidas de intervalos/pausas de 15″, em média. O atletas chegam a realizar de 150 a 200 sprints curtos por partida!

Ao futebolista de alto rendimento, são demandadas duas capacidades básicas:

1) A capacidade de jogar em ritmo intenso, ou seja, executando mais ações de alta intensidade por minuto, o que implica em uma rápida recuperação entre estas ações;

2) A capacidade de manter um determinado ritmo de jogo por mais tempo.

O treinador que conseguir aliar as duas capacidades, que conseguir alcançar um equilíbrio entre elas, terá uma equipe bem condicionada para o futebol.

Para se desenvolver a capacidade de jogar em ritmo intenso (mais ações por minuto), são indicados os treinos em jogos com campos reduzidos (3×3, 4×4…), o que exige também um tempo menor para recuperação entre essas ações intensas. Quanto mais rápido o atleta for capaz de se recuperar entre uma ação de alta intensidade e outra, melhor! Já a capacidade de manter ritmo de jogo por mais tempo se treina no campo em tamanho normal com onze contra onze. Clubes europeus treinam e jogam em um ritmo mais intenso. Clubes sul americanos treinam e jogam de modo mais cadenciado pois seus treinos são, tradicionalmente/culturalmente, de maior duração.

A moda de se treinar em campo reduzido, que virou febre no Brasil, ainda que sem se saber direito o porque e como, surgiu no final da década de 90. Por não saberem sobre este porque e como, muitas equipes caíam acentuadamente de rendimento no segundo tempo de jogo por terem, por simples modismo, se acostumado a treinar quase que somente em campo reduzido (conseguiam até realizar mais ações por minuto, mas não conseguiam mantê-las por tempo prolongado). Os treinadores que não adotaram tal metodologia, permaneceram com suas equipes conseguindo manter um certo ritmo por tempo mais prolongado, num jogo mais cadenciado, mas com menor capacidade de realizar muitas ações por minuto.

Um dos primeiros a trazer este modelo de treinamento e aplicá-lo com critério no Brasil foi o meu amigo Prof. Paulo Autuori. Foi sim uma grande inovação em termos de metodologia de treinamento e que trouxe, como consequência, um grande aumento na intensidade do jogo ao longos dos anos subsequentes.

Há no futebol uma hierarquia que muitas vezes não é respeitada, principalmente no Brasil, onde ainda se treina muito fisicamente e de modo isolado através do método analítico, fracionado ou integrado. Esta hierarquia obedece à seguinte ordem: 1) Comunicação; 2) Percepção/Entendimento do jogo + Tomada de decisão; 3) Execução da Decisão = executar o que foi decidido através da Técnica; 4) Condicionamento Físico específico para o futebol (Futebol Fitness). Resumindo: Quando se trata de equipes de alto rendimento, bem treinadas, a Tática (comunicação + percepção + decisão + execução) é, hierarquicamente mais importante do que o puro Condicionamento Físico em si!

Imagine, por exemplo, a seguinte situação momentânea de um jogo: Um meio campista está com a bola nos pés. Um de seus companheiros, o lateral direito, passa em sprint pela lateral do campo. O seu goleiro grita orientações sobre posicionamentos e atenções diversas. O seu marcador se aproxima rapidamente tirando os espaços para tentar tomar-lhe a bola… Outro colega seu, também meio campista, se aproxima indicando que pode ser uma opção para uma tabela… Há, neste quadro, todo um contexto de comunicações verbais e não verbais: A ação do lateral indica que ele está comunicando, não verbalmente, que é para o meio campista lançar-lhe a bola no espaço vazio à sua frente. A voz do goleiro indica que, se necessário, a bola pode lhe ser recuada. O companheiro meio campista significa mais uma outra opção. As ações do marcador indicam que o meio campista deve decidir rapidamente o que fazer com a bola sob o risco de perder a sua posse… Tudo isto é COMUNICAÇÃO!

PERCEPÇÃO ou ENTENDIMENTO DE JOGO, podem também ser traduzidos por INSIGHTS de JOGO, ou inteligência de jogo, a capacidade de ler, discernir o que acontece à sua volta e escolher o que se vai fazer para resolver a situação-problema específica daquele momento.

EXECUÇÃO DA DECISÃO, por sua vez, é usar da técnica/habilidade individual, para executar os gestos técnicos adequados que darão sequencia a uma determinada jogada.

Então, o chamado FUTEBOL FITNESS é o uso de um condicionamento físico específico que os capacita para o ciclo COMUNICAÇÃO-DECISÃO-EXECUÇÃO na maior frequência possível (mais ações intensas por minuto) e pelo tempo mais prolongado possível. Não é algo que você NECESSITA PARA JOGAR futebol, mas sim algo que você DESENVOLVE JOGANDO futebol! Consequentemente, este condicionamento para futebol não deve ser treinado através de sessões isoladas de treinamento puramente físico, já que estas não desenvolvem COMUNICAÇÃO-DECISÃO-EXECUÇÃO!

Este ciclo Comunicação-Percepção-Decisão-Execução-Fitness é executado milhares de vezes pelos atletas durante uma partida. Estão todos intimamente relacionados e são executados em sequencias de frações de segundos de duração (se fundindo mesmo), a fim de serem bem sucedidos, dada a enorme e cada vez mais intensa, pressão de tempo e de espaço (menos tempo e menos espaço permitidos pelas ações do time adversário) disponíveis para a execução das suas ações do jogo.

Por ser fenômeno de massas envolvendo paixões e cifras astronômicas, há no futebol de alto rendimento uma enorme pressão por resultados e, de acordo com as argumentações acima, partindo do pressuposto de que são bons jogadores comandados por bons treinadores, dentro de um ciclo lógico, é fundamental que o entrosamento de um time titular seja buscado prioritariamente, pois entrosamento = COMUNICAÇÃO eficaz; desenvolvida entre os jogadores TITULARES = os mais talentosos, que logicamente, devem ser os que jogam mais vezes e por mais tempo juntos, levando assim a um jogo COLETIVO bem ajustado. Se tivermos um time bem CONDICIONADO e bem DESCANSADO (freshness, sem fadiga) para o futebol, teremos menos lesões e, assim, teremos sempre um time titular pronto para jogar mantendo o entrosamento = eficiência TÁTICA. É o ciclo virtuoso do bom time de futebol! Daí, pode se inferir que um time, se estiver bem entrosado, bem treinado, bem condicionado e descansado, mesmo que não seja tão talentoso, será um time competitivo! Não será, claro, um Bayern ou um Barcelona, mas a qualidade de seu trabalho, criterioso e planejado, será vista por todos. Não é mera coincidência que Espanha (2010) e Alemanha (2014) tenham sido as campeãs do mundo. Além de excelentes jogadores, suas seleções eram compostas em sua maioria por atletas de uma mesma equipe (Barcelona e Bayern, respectivamente) — Pep Guardiola ganhou duas Copas do Mundo sem treinar nenhuma seleção… rsrsrsrs… — o que garantia passos adiante em termos de ENTROSAMENTO/COMUNICAÇÃO.

CONDICIONAMENTO (FITNESS)  x DESCANSO (FRESHNESS)

Uma linha tênue e paradoxal está sempre presente na vida de treinadores: Eles precisam que seus atletas estejam sempre bem CONDICIONADOS, mas ao mesmo tempo plenamente DESCANÇADOS/RECUPERADOS. As demandas do alto rendimento, onde times de ponta possuem calendários extremamente competitivos com jogos difíceis e em grande número em sequências exaustivas, exigem um planejamento minucioso para se tentar uma margem de erro próxima de zero. Assim como volume x intensidade são inversamente proporcionais, pleno condicionamento x plena recuperação, também PODEM SER inversamente proporcionais, fazendo com que seja fundamental a busca por um equilíbrio nesta equação.

PRÉ-TEMPORADA

Em grande parte dos clubes de futebol, adeptos ainda de uma linha de conduta tradicional, pré-temporada é sinônimo de VOLUME de trabalho. Os atletas recebem uma dose absurda de treinamentos, principalmente físicos, muitas vezes em até dois períodos diários e por quase 30 dias. Pergunta-se: Mas não seria isso um tremendo contra senso, já que os atletas acabam de vir de um período de 30 dias de férias e, portanto, estão fora de forma? Pode-se argumentar que é exatamente por isso: precisam readquirir a forma física! Porém, há riscos evidentes nessa conduta tradicional: 1) Riscos elevados de lesões (que são mesmo bem frequentes); 2) Nesta obsessão por ganharem condicionamento o mais rapidamente possível, através de volume e intensidade elevados, poderá haver também uma acentuada queda de rendimento no terço final da temporada. O ideal então seria uma progressão gradual e segura de cargas de trabalho dentro de um período de seis semanas de pré-temporada, o que minimizaria a incidência de lesões e potencializaria a manutenção de um nível ótimo de condicionamento para o futebol até o final da temporada.

FADIGA

A FADIGA é o inimigo número um dos atletas! Ela provoca decréscimo no desempenho e aumenta exponencialmente o risco de lesões, não só musculares como também articulares e tendinosas-ligamentares por provocar uma resposta mais lenta do sistema nervoso central aos segmentos (músculos, tendões, ligamentos…) para se adaptarem ao esforço momentâneo… Uma falência dos chamados mecanismos de propriocepção, que são fundamentais para a autoproteção. O tempo insuficiente para a plena recuperação dos atletas entre os jogos ou treinos é o principal fator que leva à fadiga. A não regeneração das fibras musculares (microlesões) tem efeito cumulativo até gerar a lesão propriamente dita e é, invariavelmente, causado pelo número excessivo de jogos (principalmente os de meio de semana), viagens longas, ou pelo chamado overtraining (carga excessiva de treinamentos). Consequentemente, tem-se: Queda de performance + Fadiga + Lesões… que é exatamente o contrário do que se desejaria: Jogadores bem condicionados e descansados, aptos a demonstrar a plenitude de seus talentos individuais em coletividade (equipe entrosada/bem treinada) na busca pelo resultado esportivo.

Em geral, temos as lesões de isquitibiais como das mais frequentes no futebol. Estas são causadas principalmente por excesso de tiros ou por extensão total e muito rápida da perna na hora do chute. As lesões no quadríceps, geralmente ocorrem por excesso de exercícios de chute a gol. As lesões nos adutores ocorrem muito por conta de arranques e corridas laterais ou excesso de exercícios de cruzamento.

Estranhamente, alguns treinadores e preparadores físicos, agem de modo extremamente incoerente em algumas questões referentes ao controle de cargas. Por exemplo: Quando os atletas voltam das férias, eles estão logicamente descansados mas perderam grande parte de sua forma física, certo? E quando os atletas são convocados para uma Copa do Mundo, por exemplo? Na Europa estarão no final de uma desgastante temporada, portanto, em situação contrária: Estão ainda em forma, condicionados, mas fadigados… E o que faz a maioria dos treinadores e preparadores físicos das seleções?! Socam treinamentos nos atletas com o suposto objetivo de ganhar condicionamento… quando na verdade deveriam ter como objetivo fazer com que seus atletas estejam, também, descansados! Resultado: Inúmeras lesões musculares! Sugestão: Conceder alguns dias de descanso aos atletas que terminaram a temporada; Treinar em média por 75%, e em apenas um período, com intensidades próximas de 100%, mas com intervalos suficientes entre os exercícios para uma adequada recuperação… Estudar caso a caso levando em conta o momento atual, o histórico e a individualidade de cada atleta… Não se trata, obviamente, de uma “receita de bolo” mas, pelo menos, de um ótimo ponto de partida!

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TREINAR CERTO

Os estímulos às fibras de contração lenta, proporcionados pelos treinamentos de corrida contínua de média a longa duração, são prejudiciais à performance do futebol por tornarem a velocidade de contração das fibras rápidas mais lentas, indo contra a principal demanda dos modelos de jogo do futebol moderno que é por atividades explosivas e de curta duração. A demanda destes modelos de jogo, em seus princípios e subprincípios, é por intensidade: Linhas próximas, pressão no bloco alto (saída de bola do adversário), manutenção da posse de bola, pressão contínua na bola quando de posse do adversário, amplitude, triangulações, proposição contínua do jogo, etc., o que promove uma demanda de esforços de natureza anaeróbia alática.

O bom condicionamento físico não vai te fazer ganhar jogos, mas um mau condicionamento e/ou cansaço, com certeza te fará perder jogos!

É PRECISO MESMO DAR ALGO MAIS?

No futebol de alto rendimento não se ganha mais apenas na raça! Se ganha é na qualidade do time e na qualidade do trabalho realizado. Um exemplo: Na véspera do fatídico jogo Brasil x Alemanha na Copa 2014, o time brasileiro estava assistindo a uma palestra motivacional!!!… “Enquanto isso, na “bat-caverna”: Os alemães estavam estudando minuciosamente o time brasileiro! (consta que a Alemanha teve à sua disposição uma equipe de mais de 100 analistas de desempenho!). Veja o absurdo dessa situação: Em uma Copa do mundo, em seu país e com apoio maciço de sua torcida, numa semifinal contra um gigante do futebol mundial… Responda rápido: Será que o que precisávamos mesmo era de motivação?! Será que esperávamos mesmo que fôssemos ganhar dos alemães na raça e na motivação?!

A Família Scolari deu certo em 2002, méritos da ótima gestão de grupo dirigida pelo próprio Felipão e também da fantástica geração de atletas fora de série, os 4Rs: Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho, Roberto Carlos… ou seja: Não foi na raça!

Tivemos ainda, de 2002 para 2014, o agravante de uma brutal evolução nos estudos das ciências do futebol, na análise de desempenho, na captação e valorização de dados estatísticos, nas metodologias de treinamento e modelos de jogo, etc, etc… mas nós ficamos meio parados no tempo e ainda temos os eternos problemas extra-campo por conta da ainda onipotente esfera político-administrativa!

TREINAR MUITO OU TREINAR MELHOR?

-Jogadores que jogam muito (titulares), devem TREINAR MENOS!

-Jogadores que estão voltando de lesões musculares devem treinar em progressividade de cargas, portanto, devem TREINAR MENOS! Devem também ser liberados para jogos de modo progressivo. Por exemplo: 25′ no seu primeiro jogo; 45′ no segundo jogo; 65′ no terceiro e 90′ somente à partir do quarto jogo.

-Jovens em fase de crescimento devem TREINAR MENOS!

-Jogadores em final de temporada devem TREINAR MENOS!

-Jogadores que voltam de convocações para seleções, devem TREINAR MENOS!

-Jogadores veteranos devem TREINAR MENOS!

-Jogadores em pré-temporada devem treinar com carga progressiva = TREINAR MENOS!

-Jogadores recém contratados devem ter o seu histórico de treinos e jogos, pelo menos na última equipe, bem estudado: Eram titulares ou reservas? Quantos jogos fizeram na última temporada? Qual era o modelo de jogo de sua última equipe?… Tudo isso dever ser levantado e levado em consideração no momento de se planejar sua carga de trabalho. Outro fator a se considerar: A resposta de suas ações, pelo menos nos primeiros meses, até se adaptarem, certamente será mais lenta por conta de uma comunicação não verbal menos eficiente com seus novos companheiros. Como vimos, o entrosamento, a familiaridade com a linguagem corporal de seus colegas de equipe, só se consegue com o tempo, com o treinar e jogar juntos. Por prudência, estes atletas também devem TREINAR MENOS em termos de volume e intensidade até se adaptarem totalmente!

-Jogadores velocistas, aqueles que são possuidores predominantemente de fibras de contração rápida, gastam mais energia do que os outros e fadigam mais rápido. Sua recuperação, por conta dessas fibras, que não recebem o mesmo aporte sanguíneo que traria oxigênio, como ocorre nas fibras de contração lenta (típicas dos maratonistas/fundistas), é muito mais lenta. Estes jogadores deveriam ter um período de recuperação mais prolongado do que os demais… Portanto deveriam jogar apenas uma vez por semana e também TREINAR MENOS!

-TREINAR MENOS significa treinar com menor volume e pode, também, significar em casos específicos, treinar em menor intensidade de acordo com as circunstâncias!

-Equipes quando trocam de treinador, tendem a ter mais lesões, pois os atletas querem mostrar serviço se empenhando mais nos treinos assim como alguns treinadores que também chegam querendo mostrar serviço e exageram na carga de treinos. Um estudo do sueco Jan Ekstrom nas doze últimas edições da Champions League comprovou isto.

-Portanto, treinar MELHOR, é diferente de treinar MAIS!

Ainda dentro deste tema, o treino do futebol através da METODOLOGIA SISTÊMCIA tem se mostrado vantajoso por conta de:

1) Economizar tempo, já que, por treinar todas as vertentes simultaneamente (tática, técnica e física), o volume de treinos pode ser reduzido;

2) Propiciar um controle de carga mais efetivo, o que ajuda a desgastar menos os atletas;

3) Maior rapidez para a aquisição do modelo de jogo e do aprimoramento técnico da equipe por priorizar a tática e em especificidade, situações de jogo, estando a bola sempre presente;

4) Com jogos variados, em campos com tamanhos, duração, pausas e número de atletas diversos, consegue-se alcançar os índices adequados e específicos de força, resistência e velocidade para a prática do futebol.

5) Periodizar taticamente, é desenvolver passo a passo a tática, o modelo de jogo da equipe.

Todos estes conceitos parecem, à primeira vista, básicos e óbvios, não é mesmo?!… Mas então, porque razão não são amplamente adotados? Por comodismo, preguiça para sentar, estudar, debater, discutir e planejar? Por tradicionalismo, desconfiança em relação ao novo? Por desconhecimento ou por conhecimento apenas superficial?…

BASE: MATURAÇÃO BIOLÓGICA E CRESCIMENTO

A sobrecarga de treinamentos aplicados nas categorias de base deveria ser vista com mais cuidado pelos profissionais da área. Um erro muito comum no nosso processo de captação é o de se avaliar a performance de momento do atleta e não o seu potencial de desenvolvimento. Como há diferenças de maturação e também de faixa etária dentro de uma mesma categoria, os atletas maiores e mais fortes tendem a levar vantagem, mesmo que tecnicamente e em termos de inteligência de jogo possam vir a ser mais limitados.

Um estudo conduzido por mais de dez anos nas categorias de base dos clubes de futebol da Holanda, mostrou, de modo contundente, que os jogadores mais jovens, dentro de uma mesma categoria, estavam tendo seu crescimento prejudicado quando comparados aos mais velhos (aqueles nascidos no primeiro trimestre, por exemplo). Para ficar mais claro, vejamos aqui, por exemplo, uma categoria Sub 17: Quando se compara um atleta nascido em 1º de Janeiro de 1998 com um outro nascido em 31 de Dezembro de 1999, a diferença entre eles é de 2 anos!… E estão dentro da mesma categoria! É muito!

Continuando: Foi constatado nestes atletas mais jovens um déficit acentuado de crescimento em relação aos outros. A teoria proposta: Como estes atletas eram submetidos a uma carga de trabalho mais intensa já que, por conta da disparidade física, eram submetidos a um esforço muito maior para tentar superar os mais velhos, mais altos e mais fortes na execução das atividades diárias de treinamentos e jogos com seus combates e disputas inerentes, grande parte de sua energia acabava sendo despendida nisto, sobrando muito menos energia necessária para o seu desenvolvimento/crescimento corporal natural! A prova definitiva desta teoria levantada ficou evidenciada quando se verificou que no período de férias as taxas médias mensais de crescimento destes mais jovens se igualava à dos demais, pois seus organismos estavam, neste período de descanso, podendo usar a maior parte de seu aporte energético diário para o desenvolvimento corporal característico da adolescência.

Propõe-se que, quem quiser trabalhar dentro de uma situação mais próxima do ideal nesta área, deve pensar seriamente na possibilidade de se dividir suas categorias de base por cada ano de nascimento… E mais: Ainda subdividir os treinamentos em 4 grupos por trimestre de nascimento (Exemplo: Categoria Ano 2000: Grupo-1: nascidos em Jan/Fev/Mar; Grupo-2: nascidos em Abr/Mai/Jun… e assim por diante). Por uma questão lógica, as diferenças maturacionais seriam minimizadas, não prejudicaríamos o crescimento e reduziríamos em muito a margem de perda de talentos esportivos.

Inexplicável também é o por que de crianças de um Sub 11, por exemplo, pelo menos no Brasil, treinarem e jogarem em campos em tamanho oficial, balizas em tamanho oficial e com bola de tamanho e peso oficial, igual ao usado pelos adultos… O fato é que há muita coisa que precisa ser revista.

Cada vez mais, a Inteligência específica, a chamada inteligência de jogo, deve ser considerada como critério de seleção de atletas na base. De que adianta selecionar um atleta alto e forte, maturado, com capacidades físicas já desenvolvidas, mas com pouca criatividade, pouca autonomia, comum ou previsível nas tomadas de decisões… Aquele atleta que joga o básico, o feijão com arroz… Um verdadeiro robô incapaz de arriscar uma jogada mais ousada?! Para isto, é preciso mudar radicalmente a mentalidade vigente do resultado imediato ou performance de momento, para a visão da formação de médio e longo prazo focada no talento! Ou seja, formar novas gerações de atletas rápidos, técnicos e inteligentes, com uma profunda compreensão tática e do jogo!

Saudações!

Referência bibliográfica:

Raymond Verheijen – How simple can it be – World Football Academy

⚽️🇧🇷🏆 FRANCISCO FERREIRA
CEO do Centro de Excelência em Performance de Futebol 
Gestor Técnico / Executivo de Futebol 
Representante WFA & GPS no Brasil
Associado ABEX-Futebol
CBF Licença A
+(55) 31 99104-9620 / 3444-4724  
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2 Comments

    • Matheus Augusto Guerra
      janeiro 19, 2018
      16:35

      Excelente texto amigo, abordou diversas questões muito debatidas no treinamento do futebol atual com muita clareza e objetividade, com certeza fiquei mais inteligente após esta leitura, obrigado, um abraço. Matheus Augusto Guerra – São José dos Campos – SP

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