Venho há alguns anos estudando os melhores modelos de gestão de clubes de futebol do Brasil (e do mundo), e ao participar de um evento chamado “TENDÊNCIAS E MUDANÇAS PRÁTICAS NO FUTEBOL PARA 2020”, em que palestraram alguns amigos, profissionais como o João Paulo Medina, o Paulo André, o Paulo Autuori, o Cícero de Souza (gerente de futebol do Palmeiras), dentre outros… Todos me perguntaram sobre o que houve com o Cruzeiro… Autuori ainda citou o clube como um case negativo durante a sua palestra.
Eu já sabia de várias das ações do CAP, pois tenho bom relacionamento com o Petraglia, com o Paulo André, com o Eduardo Barros e também o Prof. Medina que vem prestando consultoria da Universidade do Futebol lá, mas confesso que fiquei realmente ainda mais impressionado com o nível de vanguarda que o clube alcançou!
Eles realmente abraçaram uma cultura de INOVAÇÃO, de OUSADIA, diria até de REBELDIA e INCONFORMISMO, por não se conformarem em apenas fazer “mais do mesmo!”. Uma cultura arraigada de ARRISCAR, de ousar PENSAR FORA DA CAIXA, de INVESTIR no que há de mais avançado e de acordo com as tendências da sociedade atual! Eles realmente SABEM AONDE QUEREM CHEGAR e assim investem na aquisição do conhecimento para SABER O QUE DEVE SER FEITO PARA SE CHEGAR LÁ, sempre respeitando etapas e prazos, sejam eles curtos, médios ou longos…
Enfim, conseguem fazer o futebol com inteligência, com racionalidade, num país onde o futebol tem como regra a passionalidade de seus comandantes que não se envergonham de mudar todo um planejamento de meses ou anos, ao mero sabor do último resultado negativo.
Entendendo que vivemos a Era da 4ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL, a chamada REVOLUÇÃO 4.0, onde temos Impressão 3-D, APPs, START-UPs (FACILITADORAS de INOVAÇÕES), etc., dá gosto e causa alento saber que o Athletico investe hoje efetivamente e não apenas da boca pra fora, é em BIG DATA, em INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL, em MACHINE LEARNING… Enfim, apostam nas inovações, nas ciências do esporte, nas tecnologias, na gestão & governança em seu mais alto nível! Estão com os dois pés no mundo digital, visando ao crescimento consistente e sustentável do clube! Uma nova realidade onde já colhem frutos visíveis! Já deixou de ser clube pequeno há uns 20 anos. Deixa agora, definitivamente de ser um clube médio para entrar no ringue dos grandes!
Eles tem alguns objetivos muito claros em perspectiva:
1) Chegar a uma final de mundial interclubes até 2024 e com 60% do elenco formado nas divisões de base;
2) Se tornarem o clube/empresa mais atrativo para investidores no futebol brasileiro.
Difícil? Com certeza, mas em virtude de tudo o que eles vem fazendo eu não duvido que possam conseguir, não!!! O Athletico, hoje, PRODUZ e CONSTRÓI CONHECIMENTO e não apenas copia o que já existe! Conseguiram desenvolver, através de cálculos algoritmos, estatísticas que indicam que não devem investir na captação de atletas acima de 20 anos para suas categorias de base, pois seria jogar dinheiro fora! Conseguiram se tornar um clube realmente formador e inovador com um modelo de jogo próprio facilmente identificável e com seu modelo de organograma matricial.
Mas e o Cruzeiro? O que tem a ver com isso? Bem, no projeto de reconstrução que temos sugerido ao clube, usamos o CAP como espelho assim como também outros cases de sucesso, para criar um modelo adaptado à realidade atual do Cruzeiro. Um norte que conta com alguns pilares que seriam as Gestões de Excelência: de RH, Financeira e Técnica-Desportiva, derivando para outros tópicos que formam aquilo que chamamos de Os 11 passos para uma gestão 100% profissional. Sendo, destes, a minha expertise, a Gestão Técnica-Desportiva abrangendo novos conceitos e metodologias de formação, treinamento, periodização, controle, recuperação, etc.
HISTÓRICO DE UMA LADAINHA
Em 1989 eu comecei a trabalhar no futebol e já ouvia falar sobre a necessidade de se “profissionalizar” o futebol…
Em 1999 eu continuava a trabalhar no futebol e ainda ouvia sobre “profissionalizar” o futebol…
Em 2009 eu ainda estava no futebol e só ouvia muito sobre essa tal de “profissionalização” do futebol…
Em 2019 eu realmente lutava pela “profissionalização” do futebol…
Então em 2020 quando eu ouço falar e vejo com tristeza uma real necessidade de AINDA se “profissionalizar” o futebol… afinal, que merda é essa?!
Que “profissionalizar” o que!!! Ser PROFISSIONAL é O MÍNIMO, o básico, o essencial!!!
Passou e muito da hora de se buscar é muito, MAS MUITO MAIS!
Parar com essa historinha de “profissionalizar”. Se ainda não for profissional, fecha! Se já é, melhora, muito e já!
Então, bora já, oxigenar a estrutura humana, enxugar, sanear… começar a promover uma mudança de cultura, de mentalidade, deixar de ser tão conservador, modernizando pra ontem o seu estatuto, deixar de ser um clube feudal, dominado há décadas por alguns clãs. Deixar a política pequena onde se decide os rumos, ou falta deles, no carteado dos anciãos, ou na mesa do bar, ou na conversa de sauna, ou nas resenhas das peladas! Gente que confunde o gostar de futebol com o entender de futebol!
Hora é de ARRISCAR a fazer aquilo que ninguém fez, ou por falta de coragem, ou por falta de condições políticas… Redesenhar o seu modelo de gestão e inovar como, por exemplo, com a ideia que temos para a interação entre clube-torcedor de um modo tão inédito que temos certeza de que no dia em que lançarmos a estratégia, iremos para a mídia mundial e no dia seguinte estaremos sendo copiados por muitos outros clubes!
INOVAÇÃO é o segredo para se ter um FUTURO! E o futuro passa por CIÊNCIA, GESTÃO e MUNDO DIGITAL de modo IRREVERSÍVEL! O futuro deve considerar todas as gerações, mas especialmente as mais novas: Y ou Millenials, 1982-2002, constantes mudanças; Z, 1990-2010, nativas digitais; Alpha, pós 2010, ainda não bem definida, mas com tendência a mobilidade e abundância de informações, antenadas, conectadas, exigentes, individualistas…
O futuro é “touch do tech”: Tocar e conquistar mentes & corações através de tecnologia e inovações, sendo que inovações tem a ver com pessoas, com ideais, com entender e mergulhar em SUSTENTABILIDADE: economicamente viável, socialmente justo e ecologicamente correto! Preferências de consumo para quem tenha propósitos claros e responsabilidades explicitadas na promoção de um mundo melhor!
Usando uma analogia, mas sem deixar de reconhecer que há inúmeros bons profissionais e ideias também em outros clubes, vejo o CAP como uma FERRARI enquanto instituição, modelo de gestão, propósito, visão de futuro, proposta de ousadia e inovação! Enquanto os outros clubes como um FUSQUINHA neste momento do atual futebol brasileiro! Eles no mundo digital, nós ainda no analógico!
Abraços!
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