⚽️ LEICESTER CITY: A CIÊNCIA POR TRÁS DO FUTEBOL FAZ COM QUE A BOLA NÃO ENTRE POR ACASO!

LEICESTER CITY: A CIÊNCIA POR TRÁS DO FUTEBOL FAZ COM QUE A BOLA NÃO ENTRE POR ACASO!

Dias interessantes para o futebol! Os fenômenos Leicester City e Audax trazem novos e desejáveis ventos ao cenário futebolístico. Atlético de Madrid e seu treinador, Simeone consolidam-se entre os gigantes da elite mundial. Outros clubes menores como América-MG, Juventude e Anápolis chegando em seus estaduais, numa saudável quebra de rotina.

Chamam a atenção as suas propostas de jogo: Leicester, Atlético Madrid e América-MG, guardadas as devidas proporções, com um estilo semelhante: Sólidos na defesa e explorando os contra-ataques em velocidade. Audax, por sua vez como um mini Bayern de Munique em seu jogo de posse de bola, linhas próximas e movimentação coletiva.

O Leicester, com um orçamento modesto comparado aos grandes ingleses, investiu na ciência, na inovação, arriscou a quebrar paradigmas com um planejamento estratégico muito bem feito que o levou a colher frutos impensáveis dentro da comunidade do futebol: Montagem de um departamento médico/científico com autonomia e voz ativa, onde o treinador, se necessário, se submetia às decisões desta equipe, bem ao contrário da conduta tradicional, onde treinadores são considerados semideuses todo-poderosos, dando a última palavra em quase tudo!; Esforço ad infinitum pela profunda conscientização de todos os envolvidos (atletas, treinadores, dirigentes…), quanto aos objetivos que poderiam ser alcançados caso todos cumprissem a sua parte (o poder de convencimento das boas ideias); Investimento em conhecimento e tecnologia inovadores sem medo de quebrar paradigmas dentro do forte conservadorismo da tradicional cultura do futebol que domina este meio.

EXEMPLOS:

-Conscientes de que a fadiga é o maior inimigo dos atletas e principal fator de redução da performance, buscaram garantir ao máximo o chamado estado de “freshness” (estado otimizado e prioritário de descanso + nutrição = recuperação). Logicamente que o fato de não estar disputando simultaneamente uma das ligas europeias ajudou. Como seus Jogadores eram submetidos à carga de apenas um jogo por semana, já que saíram também da Copa da Inglaterra, isso possibilitou que pudessem planejar os treinamentos com um elevado grau de controle e dosagem das cargas de treinos.

-Os dois primeiros dias pós-jogo (2ª e 3ª feira) eram dedicados exclusivamente à recuperação. -Um dia de folga na 4ª feira.

-Treinos regulares e bem dosados de tiros de velocidade de até 40m (especificidade das distâncias percorridas nos contra-ataques) na sessão de 5ª feira como forma de habituar/condicionar seus atletas ao tipo de esforço que seria demandado dentro da proposta de jogo da equipe (contra-ataques em velocidade).

-Fortalecimento e monitoramento específico de força dos músculos isquiotibiais (os que sofrem maior stress nos tiros, especialmente acima dos 25m), através do equipamento NordBords.

-Avaliação até mesmo do tipo/estado dos gramados onde jogam (mais fofos, mais duros, mais altos, etc.) com a intenção de dosar o volume das sessões de treino.

-Monitoramento e dosagem especial aos atletas de características explosivas para reduzir o risco de lesões.

-Monitoramento de acelerações, desacelerações, mudanças de direção, tiros, distâncias e velocidades, força G, dentre as ações de alta intensidade através do sistema Catapult.

-Avaliação subjetiva de esforço diária como mais uma fonte de informação a se somar a todas as outras informações coletadas com objetivo de garantir a integridade física dos atletas.

-Questionários individuais sobre a qualidade do sono e da alimentação/hidratação dos atletas.

-Suplementação alimentar com suco de beterraba (Alto teor glicêmico, ferro, antioxidantes, aumentando fluxo sanguíneo no corpo e no cérebro, desintoxicante…), auxiliando no incremento da reserva energética dos músculos, melhorando o desempenho de sprints e da tomada de decisão. Ver mais em: http://globoesporte.globo.com/eu-atleta/nutricao/noticia/2016/07/suco-de-beterraba-potencializa-treino-aumenta-forca-e-inibe-fadiga-muscular.html

-Compreensão de que o atleta não é uma máquina e, portanto, necessita receber uma abordagem holística.

-Câmara de crioterapia a -135º C por até 4 minutos, auxiliando no retorno venoso, sem o desconforto do banho de imersão em uma banheira de gelo. Auxilia na recuperação quando há pouco tempo entre um jogo e outro, assim como na qualidade do sono na mesma noite e na noite seguinte.

-Massagens com sacos de gelo.

-Confiança total nos processos e não apenas nos resultados, fazendo com que a linha de trabalho seja mantida mesmo diante de eventuais derrotas… Que diferença para o Brasil!

-Desenvolvimento de uma cultura de delegação de responsabilidades com explanação detalhada e exaustiva através de vídeos, palestars, planilhas, mensagens diárias (Twitter, Whatsapp…) a cada um da sua performance individual.

RESULTADOS:

-A equipe com menor índice de lesões;

-Que utilizou o menor número de atletas, ou seja, o treinador quase sempre pode contar com seus atletas titulares, o que significa: mais entrosamento, maior entendimento/consistência tática.

-Que realizou o maior número de sprints.

-Que apresentou os jogadores que atingiram a maior velocidade (Opta).

-Que realizou o maior número de contra-ataques.

-Que apresentou o maior número de chutes a gol e marcou o maior número de gols em contra-ataques.

-Que teve atletas que realizaram até 500m de sprints por jogo (soma dos tiros em um jogo).

-Campeão da Premier League com um orçamento 6,5 vezes menor do que o clube que mais gastou (Manchester City).

CONCLUSÃO:

Foi um processo que priorizou 3 vertentes:

-Departamento médico-científico;

-Equipe técnica;

-Elenco de atletas.

Todas elas trabalhando em sincronia e trans-disciplinaridade, com uma profunda compreensão de suas responsabilidades e dos objetivos propostos.

As ciências do esporte ainda são subutilizadas neste meio extremamente conservador, tradicionalista e com uma arraigada cultura que valoriza a subjetividade e as opiniões pessoais.

A conquista do Leicester pode ser um divisor de águas no futebol mundial, assim como espero que a campanha do Audax possa ser também um marco na história do futebol brasileiro.

O futebol necessita urgentemente que suas condutas sejam embasadas em fatos objetivos e não em subjetividades, em impressões ou opiniões pessoais de pessoas que se julgam deuses neste meio! Necessita de investimentos em Departamentos Científicos que tenham autonomia e voz ativa nas decisões cotidianas da equipe técnica.

Espero que a vinda do holandês Raymond Verheijen ao Brasil, um dos pioneiros e expoentes desta abordagem, possa, com seus conceitos inovadores, nos ajudar a acordar para esta nova realidade do futebol.

⚽️🇧🇷🏆 FRANCISCO FERREIRA
CEO do Centro de Excelência em Performance de Futebol 
Gestor Técnico / Executivo de Futebol 
Representante WFA & GPS no Brasil
Associado ABEX-Futebol
CBF Licença A
+(55) 31 99104-9620 / 3444-4724  
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