“UMA GESTÃO FUNDAMENTADA NA COMPAIXÃO”
No excelente livro “Cestas Sagradas” de Phil Jackson, mentor e ex-treinador daquele mítico time do Chicago Bulls do fenomenal Michael Jordan, o autor aborda um modelo de gestão de equipes de trabalho centrado em valores como a compaixão e a valorização das pessoas.
Trata-se de uma abordagem horizontal da gestão de pessoas, inspirada em valores do cristianismo e de algumas filosofias ou religiões orientais e indígenas que estimulam uma sincera e genuína valorização de todos os membros de sua instituição!
Pessoas não são meros robôs! Sejam elas, desde o mais humilde funcionário da limpeza, membros do staff técnico ou mesmo superatletas, todos estão sujeitos às mesmas dificuldades e oscilações emocionais como qualquer ser humano: Medos, frustrações, depressão, tristezas, dores, crenças limitantes… Todos possuem suas histórias de vida com seus altos e baixos, vitórias e derrotas!
Fato é, que, existem basicamente dois modelos: o de Comando e o de Gestor! O primeiro parece ser mais indicado para grupos jovens. Passa segurança aos atletas inexperientes. O segundo seria mais indicado para grupos mais experientes ou cheios de craques. Comandar a ferro e fogo, no tradicional modelo vertical, imposto de cima para baixo, pode até dar resultados, mas a experiência de Phill Jackson mostrou que, a conquista de mentes e corações para o seu projeto, através da valorização das pessoas, da inclusão e estímulo à uma participação efetiva de toda a sua equipe, gerava uma sensação de respeito mútuo e comprometimento que se mostrou com o tempo ser mais sólida, duradoura e eficiente em termos de produtividade, além de ter produzido muito menos crises ou conflitos.
Em um modelo de organograma chamado Matricial, os limites entre as paredes dos diversos departamentos se mostram bem flexíveis e, consequentemente, há um ambiente de maior liberdade e permanente estímulo à cooperação, participação e contribuição entre os membros de suas equipes de trabalho.
Todos se sentem realmente valorizados e como partes integrantes do projeto. Pertencimento! Isto diminui ou até extingue o ambiente de competição, ciúmes, fofocas, intrigas, de agendas ocultas e até mesmo de possíveis boicotes, conscientes ou inconscientes, entre os departamentos do clube! Logicamente que há, sim, o comando, há hierarquia, há cobranças, há metas a se cumprir, há funções de liderança, decisão e participação bem definidas, mas o ambiente propicia mais harmonia e felicidade, logo, infere-se por raciocínio lógico, que a produtividade será uma consequência! É como se estivessem todos em um contínuo brain storm, exercitando a inter, multi e trans disciplinaridade.
No futebol, o Athletico Paranaense é um clube que já tem utilizado este modelo matricial. Acredito que também o Cruzeiro, passando por ampla reestruturação sob o comando do brilhante Paulo André & Cia, deverá adotar tal modelo com sucesso!
A grande maioria dos jogadores de futebol no Brasil, são de origem humilde, passaram ou ainda passam por muitas lutas e dificuldades para conquistar seu lugar ao sol. Competitividade extrema em um sistema cruel e impiedoso que não tem compaixão dos mais frágeis. Muitos daqueles que conseguem superar todas as etapas até o sucesso numa grande equipe profissional, podem se tornar pessoas desumanizadas e/ou presas fáceis do mundo sedutor da fama e dinheiro, por não terem uma estrutura emocional e familiar por traz que possa lhes dar suporte. Caberia então, ao clube, tentar ser este “porto seguro”!
Como bem citou o genial Charles Chaplin: “Nãos sois máquinas! Homens é o que sois! Assim como o mandamento do Senhor Jesus: “Faça ao teu próximo aquilo que queres que te façam”! Ou seja, todos gostam de ser bem tratados, respeitados e valorizados! Entender que por traz de um atleta há um homem de carne e osso, que possui uma família. O clube que adotar uma postura genuína de real interesse e cuidado pelos seus atletas e entes queridos, acabará por, mais cedo ou mais tarde, se tornar um clube desejado, exatamente por ter conquistado suas mentes e corações através do amor!
É baseado nesses princípios, que venho defendendo um modelo de gestão mais humanizada do futebol!
Francisco Ferreira
Gestor Esportivo
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