⚽ FUTEBOL, COMPLEXIDADE, MULTIFATORIALIDADE, PASSIONALIDADE…

FUTEBOL, COMPLEXIDADE, MULTIFATORIALIDADE, PASSIONALIDADE…

No futebol, modalidade que atrai milhões de apaixonados, não há como fugir dos lugares comuns ou das infinitas opiniões após resultados decepcionantes. As opiniões vão desde as mais sensatas até às mais estapafúrdias. Profetas do acontecido, “Se Futebol Clube”… aquela hora em que todo mundo se torna expert em futebol… faz parte!

O Mengão eliminado se junta ao rol dos vexames já proporcionados pelo Colorado, o Galo e o Verdão nos mundiais, quando perderam bisonhamente para adversários menos qualificados como os “poderosos” Mazembe do Congo, Raja Casablanca do Marrocos, e Tigres do México.

Em 2010, eu estava presente no estádio do Al Jazeera em Abu Dhabi, para ver um Internacional absolutamente irreconhecível perder para o Mazembe… um time do Congo!!! E com direito até a uma comemoração zoeira de seu excêntrico goleiro. Na real: Celso Roth, man! Celso Roth!!! O que se passava na cabeça dos dirigentes do Inter para dar tamanha missão a um treinador que tinha como marca registrada em sua carreira o excesso de carga de treinos? Sim, o histórico de Roth era chegar emergencialmente nos clubes para consertar barcos que estivessem afundando. Com a sua alta carga de treinos, seus times até davam uma crescida imediata, mas era sempre voo de galinha, pois na sequência vinha a queda por overtraining!

Em 2013, a dupla “destemperado & bipolar”, Kalil/Cuca se desentendeu e o treinador ficou então de biquinho por não ter sido procurado pelo dirigente falastrão/boquirroto para renovar o contrato. Deixou vazar ao grupo e o ambiente ficou ruim: Tomou um coco do “portentoso” Raja Casablanca! Talvez até providencial, pois se vai pra final contra aquele fenomenal Bayern de Guardiola, o risco de levar uma goleada histórica seria grande. Na ocasião escrevi um texto (O Futebol Brasileiro está na UTI: https://ceperf.com.br/2013/12/20/o-futebol-brasileiro-esta-na-uti/.).

No Flamengo, a sucessão de erros se escora um pouco na arrogância de saberem que possuem um dos melhores, se não o melhor, elenco do futebol brasileiro e acharem que isso basta para ganhar tudo. Demitir Dorival foi temerário, não porque ele seja um técnico top, longe disso, ele é apenas bom! Bom de grupo, de vestiário, parece ter evoluído um pouco, taticamente falando, se comparado com o Dorival com quem trabalhei no Cruzeiro em 2007, mas ainda insuficiente para dar nós táticos. Mas… como estava com moral, com o grupo nas mãos e vindo de duas boas conquistas, o mais lógico seria mantê-lo. Me lembro que no Cruzeiro ele fez um trabalho até razoável. Tinha um ótimo assistente técnico, o ex-goleiro Ivan Izzo, seu parceiro desde os tempos de jogador no Palmeiras, mas que ele preferiu trocar pelo seu próprio filho (seria castigo, ser trocado no Fla da maneira que foi?). Já o seu preparador físico era fraquíssimo! Dos piores com quem já trabalhei e que está com ele até hoje.

2007: Me lembro de uma semana de jogo pelo Brasileirão, Novembro, jogo na 5ª Feira contra o Botafogo no Engenhão… e o que foi que o “jênio” do preparador físico fez?… Como o time vinha de uma sequência de jogos sem vitória, ele, se sentindo pressionado, resolve dar no treino de 3ª Feira à tarde, uma bateria de tiros de 400m!!! Um ESPANTO! Porquê?: 1º) Um treino que nunca havia sido dado ao longo de todo o ano; 2º) Um treino de grande desgaste metabólico e sobretudo muscular, sendo aplicado no final da temporada com os jogadores já sofrendo com o acúmulo de fadiga; 3º) Um treino que não se usa mais no futebol; 4º) Não ter considerado algo básico na equação “carga x recuperação”: a “síndrome da dor muscular tardia”, que atinge seu pico exatamente 48h após, ou seja, exatamente no dia do jogo!!! PQP!!! Burrice aí é mato, né?! Resultado: o time se arrastou em campo e tomou uma goleada de 4×1! Aí vem o fim de ano, renova, não renova, Eduardo Maluf sabendo dessa cagada e vendo que tentavam tirar o corpo fora transferindo a responsabilidade, optou por não renovar! Esse é o futebol brasileiro que ainda aceita tudo!

Pois bem, o Flamengo se consolidou como um dos poucos clubes que pode se dar ao luxo de nem optar pelo modelo SAF, já que após o excelente e mais do que necessário choque de gestão aplicado pela gestão Bandeira de Mello, conseguiu atingir níveis de receita quase que de um clube europeu. No entanto, a passionalidade amadora de alguns de seus dirigentes atuais ainda os leva a perderem classificações e títulos de modo bisonho, pois além do momento inoportuno da troca de treinador, ver dirigente no vestiário puxando corinho do tipo “Êi Real Madrid, pode esperar, a sua hora vai chegar!” não ajudar em absolutamente nada, é de uma falta de noção e cafonice sem tamanho!

Quanto ao treinador Vitor Pereira, coitado… fez cagada ao sair do Corinthians usando uma desculpa esfarrapada e logo no momento em que seu trabalho parecia começar a se encaixar… e cagadas no jogo contra o arrumadinho time do Al Ahli, fazendo substituições que nem a minha avó aceitaria! Imagino que pode ser demitido a qualquer momento!

Os técnicos portugueses estão na moda, não sem uma razão: O fato de se submeterem a uma qualificação teórica muito melhor do que a dos treinadores brasileiros. No entanto, embora isto seja importante, apenas isto não basta. Vejamos o exemplo do Abel Ferreira, brilhando no Palmeiras, sendo hoje o treinador que demonstra o melhor repertório e conhecimento tático, ao mesmo tempo, inteligente e ótimo gestor de grupos, fazendo do Palmeiras o time mais difícil de ser batido no futebol brasileiro, mesmo sem ter o melhor elenco… Não à toa, cotadíssimo para assumir a seleção brasileira.

Mas no final das contas isso tudo é futebol, não é mesmo?! Imponderável, sujeito às complexidades do jogo: Se Gerson não fosse expulso, o Flamengo muito provavelmente venceria o jogo e aí estaria tudo certo! Final contra o Real Madrid! Time pica! Gestão do caralho! Mengão pra cá, Mengão pra lá… etc., etc. e vida que segue!

Mudando para o Cruzeiro, percebe-se uma instabilidade no trabalho do, até então, incontestável Paulo Pezzolano. O time não se encontra, erra passes e cruzamentos de forma bisonha e o time que, como era esperado, deveria estar mais forte do que o do ano passado pela responsabilidade de encarar uma Série A, se mostra inferior! Ainda dá tempo, o Mineiro — já haviam dito — seria o laboratório para montagem e ajuste do time, mas o torcedor já se mostra preocupado. Um amigo, cruzeirense, insinua que Pezzolano possa ter proposta no bolso para dirigir a seleção uruguaia e poderia estar até se auto sabotando para forçar uma demissão… me recuso a acreditar em uma hipótese dessas! Ronaldo terá que meter a mão no bolso, ou cobrar do Pedro Lourenço aquela promessa de que bancaria um “jogador de aeroporto” para qualificar, liderar, enfim, ser a referência deste time.

Botafogo: Experimentando na pele as inseguranças jurídicas de um país que mais parece uma pocilga infectada, onde o judiciário, denuncia, abre inquérito, investiga, julga, prende, multa, legisla… Pior: Onde tiram da cadeia, descondenam, anulam processos, mudam entendimento sobre prisão em 2ª instância e fraudam eleições para que um notório ladrão, condenado por unanimidade e em todas as instâncias, responsável simplesmente pelo maior escândalo de corrupção da história da humanidade seja colocado na cadeira da Presidência da República!… John Textor deve estar se perguntando, onde foi amarrar sua égua! Execuções surgem diariamente para o clube da estrela solitária, tornando qualquer planejamento uma tarefa quase impossível! O fato é que a Lei das SAFs ainda precisa sofrer ajustes naturais e criar sua própria jurisprudência, se é que isso ainda vale alguma coisa no Brasil atual!

O Mecanismo é FODA meu irmão!

Saudações!    

 

Francisco Ferreira

Gestor Esportivo

 

 

 

 

 

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