O ATLÉTICO ATUAL É UM CLUBE DE PARADOXOS!
Se tem o terceiro elenco mais caro e, teoricamente, melhor qualificado do país, tem também a maior dívida dentre todos e continua tendo que vender um ou outro jogador para poder honrar compromissos urgentes, como a folha salarial, por exemplo!
Diz o seu próprio presidente, Sérgio Coelho, que se não fossem os 4Rs o time estaria na Série B… Ao mesmo tempo, não deixam a mania de grandeza e não admitem que o seu modelo de gestão deveria ser semelhante ao que Ronaldo aplica no Cruzeiro: Pés no chão, austeridade, saneamento financeiro, humildade, busca pela recuperação da saúde financeira e sustentabilidade no médio e longo prazo…
Ao contrário, querem competir com Flamengo e Palmeiras em termos de elenco, mas arrecadando 1/3 do que estes arrecadam! Definitivamente, não é um modelo de gestão sustentável, não é um modelo de gestão que se possa chamar de eficiente, não é um modelo de gestão que me agrada: O manjado esquema do modelo associativo de gastar os tubos para “performar” (palavrinha da moda e que eu acho simplesmente nojenta!) e agradar conselho, torcida, mídia… só que não há garantia nenhuma de que irá “performar”!!! Pelo contrário, o time milionário tomou foi sufoco do time humilde e baratinho do Cruzeiro e só não perdeu pela falha do Rafael Cabral e pela falta de qualidade nas conclusões do time azul!
Além disso, é um modelo arriscado demais e que tem levado sua monstruosa dívida a virar uma bola de neve. Me parece estarem iludidos com relação à SAF, pois quem é o maluco que vai comprar um pacote desses (dívida de 2bi que cresce na ordem de 10% ao ano SÓ DE JUROS!)… Oras… Ninguém rasga $$$! Deveriam passar logo a SAF para os 4Rs e pronto!
Quanto a treinador, depois da saída ridícula do maluco do Coudet — Esse cara arrisca a ficar definitivamente queimado no futebol brasileiro! Até a sua imagem pessoal precisa de uma repaginada, pois o cara parece mais um dono de boteco do que treinador! — como estão mesmo com essa mania de grandeza, foram buscar o Felipão! Eu teria tentado o treinador Roger Silva, que no Athletic de São João Del Rey mostrou um time muito certinho no Mineiro… é uma saída tipo Pezzolano ou Pepa: nome relativamente desconhecido, mas que pode garantir pelo menos um modelo de jogo bem ajustado e eficiente!
Na verdade é a velha saída de buscar um “escudo” para blindar os dirigentes, e Felipão é o melhor: Tem moral, bagagem, nome e experiência de sobra. Embora não seja dos mais atualizados em termos de metodologias, acho que, como cara que domina como poucos o ambiente, o vestiário, pode fazer sim um bom trabalho, mas num confronto com os elencos e treinadores que possuem Flamengo e Palmeiras, não vejo muitas chances de título na Libertadores e no Brasileiro. Trabalhei com Felipão no Cruzeiro em 2000/2001, antes dele assumir a Seleção. O ambiente sempre era de descontração e muita zoeira, muita integração com as famílias de jogadores e comissão técnica. Neste sentido, deixou saudades. Infelizmente ele só conseguiu a Sul-Minas, mas também o elenco não era top. Depois, na sua segunda passagem pelo Cruzeiro, em 2020, a situação era pra lá de caótica: O clube, já destruído pela gestão criminosa de Wagner/Itair, era agora “jerido” por um completo incompetente e que não sabia absolutamente nada a respeito de cultura do futebol… nem o Guardiola conseguiria alguma coisa!
Bem, uma outra coisa também inexplicável na atual gestão do Galo, foi a absurda multa de 26 milhões em caso de demissão do Coudet, mas ainda bem que conseguiram um acordo, pois as chances de uma treta gigante na justiça quanto à interpretação do inusitado “pedido de demissão” do argentino maluco, seriam enormes. O valor da referida multa era simplesmente absurdo e ainda não foi revelado o nome do dirigente irresponsável que aceitou isso!
O Atlético sempre foi um clube meio tumultuado politicamente. Foi lá que comecei em 1989, como preparador físico do Sub-14 e passei por todas as categorias na base. Foi uma grande escola, mas também um período de grandes problemas de ordem financeira. Finalmente, houve um período de relativa trégua durante a fase mais recente de conquista da Libertadores, Recopa e Copa do Brasil. Nesta época, o futebol era comandado pelo meu saudoso amigo, Eduardo Maluf, um dos caras com quem mais aprendi sobre a gestão informal do futebol e que foi jogado de graça no colo do Atlético pelo Zezé Perrella, que o havia demitido burramente no Cruzeiro em 2010 por pressão de conselheiros.
Me lembro que fui visitar o Maluf pouco antes de seu falecimento, já enfrentando um câncer gástrico em estado avançado e ficamos conversando uma manhã inteira. Ele me confidenciou, dentre outras coisas, que um certo ex-presidente, na época das conquistas da primeira metade da década passada, havia levado uma bolada de no mínimo 20 milhões (essas coisinhas básicas muito comuns no modelo associativo). Citou também casos de corrupção na base e me contou ainda que esse mesmo ex-presidente tinha o hábito diário de começar a tomar seu whisky por volta das 19 horas… e quando o time estava jogando fora e acontecia uma derrota, era só esperar que o mesmo lhe telefonaria logo após o jogo, mamado, aos berros e palavrões, exigindo a demissão do treinador! Maluf, macaco velho, e já conhecedor da peça, sempre esperava o dia seguinte e, ao primeiro contato com esse famoso presidente boquirroto, metido a brabo e beberrão, lhe perguntava: “E aí presidente? Lembra o que você me disse ontem?”… o presidente não se lembrava de nada e assim o Maluf segurava treinadores, pois sabia que não era trocando-os, como se troca de roupa, que se faz um projeto de futebol consistente!
Foi também com Maluf que aprendi que uma das coisas mais importantes na gestão do futebol se chama credibilidade! Ou seja, a conquista da confiança do grupo de jogadores, quando estes percebem que você está trabalhando sempre em busca de um objetivo para o clube, mas que o grupo será sempre blindado; que aquilo que for prometido, mesmo que verbalmente, será cumprido; que nunca será dada uma dura em jogador de modo público, ou aos berros. Pelo contrário, a cobrança será feita, mas sempre em particular. Outra questão interessante: Maluf sempre lavava o jogo para o campo dele, ou seja, nunca discutia nenhum assunto importante com os jogadores em outro ambiente que não fosse o seu escritório.
A gestão do Atlético dos 4Rs tem o mérito de ter feito um pente fino no clube, que havia virado um verdadeiro trem da alegria, cabide de emprego e de nepotismo a dar com pau, com pelo menos três parentes próximos do citado ex-mandatario recebendo salários absurdos. Pode ser que venha daí a retaliação do então cabeça da PBH em relação ao estádio, com a exigência de contrapartidas irreais. Na verdade, a questão toda envolve política, vaidades e interesses pessoais de gente que se diz apaixonada pelo clube. Se investigassem à fundo, é lógico que encontrariam coisas pra lá de cabeludas… mas… como estamos no Brasil…
Mais uma vez repito: modelo de gestão eficiente e inteligente, pra mim, é aquele em que se consegue competitividade sem se endividar! PONTO! O resto é só mais do mesmo!
Francisco Ferreira
Gestor Esportivo
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