Foto: Marcelo Cortes/Flamengo
BRASILEIRÃO: OS DILEMAS DE CLUBES COMO O AMÉRICA
Brasileirão na reta final e o que não falta é emoção! — parece até uma chamada da Globo — O nível técnico nem é lá essas coisas. Há sim um ou outro jogo de maior qualidade, mas o que impera é mesmo uma correria absurda e muita pegada… Mas é certo também que há muito tempo não víamos um campeonato tão equilibrado e com as equipes tão próximas umas das outras, seja na cabeça, ou na rabeira. Depois de um 1º turno fora da curva com o Botafogo colocando 13 pontos de frente e todo mundo já o cravando como campeão, eis que a realidade bate à porta: Não tem time, elenco, nem treinador para ser campeão e a saída de Luis Castro provocou uma soma de erros. Parece que não pesquisaram o perfil para substituí-lo por um Bruno Lage, que ignorou totalmente a cultura do futebol brasileiro. Caçapa poderia ter sido a solução… notei também que, fisicamente, o time cai muito no 2º tempo. Um vexame perder um campeonato assim, e um “castigo que veio a cavalo (paraguaio)”.
A verdade é que Palmeiras e Flamengo devem continuar sendo dominantes no cenário nacional e sul-americano, pelo menos no futuro próximo. O Verdão tem uma gestão do futebol muito consistente. Pode perder o Abel para o futebol árabe, mas vida que segue. O Flamengo tem bala na agulha pra montar e manter elencos estelares. Com a chegada do Tite, vai se ajustando no modelo de jogo e fica ainda mais forte. Se o Corinthians se arrumar financeiramente, tende a entrar nesse grupo, pois tem potencial de arrecadação igual ou até maior do que o Fla, mesmo com menor número de torcedores que o rubro-negro, mas por estar em SP, maior mercado consumidor do país. Acredito que o maior desafio da gestão do novo presidente (Augusto Melo), seria o de encontrar um meio termo entre saneamento financeiro (tipo Bandeira de Mello) e investimento no futebol (tipo Landim). Se sair o acordo com a CEF para quitação da dívida do estádio, a tarefa será facilitada em muito.
Ao Atlético, que tem potencial, resta saber se o dono vai botar $$$. O Cruzeiro, tem a aposta da vida que é escapar de todo jeito de um rebaixamento, pois assim poderá, depois de quatro longos anos, receber as cotas de TV e montar time sem tanto risco de erro de cálculo como nesta temporada.
Mas falando do América, trata-se de um clube que tradicionalmente apresenta oscilações muito mais por conta do contexto: Tem patrimônio, tem gestão certinha, mas não tem torcida e nem orçamento para fazer frente aos grandes clubes num campeonato tão longo como é o Brasileirão. É certo que todos os clubes oscilaram durante o ano por causa do calendário com excesso de jogos e competições difíceis disputadas simultaneamente. Do América, esperávamos que conseguisse permanecer na Série A por algumas temporadas, uma verdadeira façanha, que ajudaria em muito na difícil tarefa de tentar subir de patamar.
Como já escrevi antes, para um clube como o América, com orçamento dez vezes menor do que um Flamengo, não adianta tentar fazer frente se endividando para capacitar seu elenco, pois tanto faz se o orçamento for dez, ou vinte, ou trinta por cento… a diferença continua abissal. O mais inteligente seria mesmo guardar parte de sua cota de TV, tentar competir com uma gestão do futebol com margem de erro próxima de zero, mas sabendo que no caso de um muito provável rebaixamento, teria a segurança da reserva financeira para fazer boa campanha na B em busca de novo acesso! Resumindo: o pior cenário possível, seria ser rebaixado mas tendo se endividado na tentativa infrutífera de permanecer na elite. A vida de um clube assim é mesmo ser ioiô (sobe e desce), até o dia em que uma Liga Nacional consistente e equilibrada for criada, aumentando as chances de competir de modo pelo menos um pouco mais igualitário. Goiás segue mais ou menos o mesmo script, mas com a vantagem de ter torcida! Os que sobem (Vitória, Criciúma, Juventude e Atlético Goianiense) deverão viver o mesmo dilema.
Para 2024, vejo alguns clubes com potencial de crescimento como o São Paulo, agora um pouco mais pacificado pela conquista de um título de expressão e que deve garantir uma continuidade sem turbulências do Dorival, e o Fluminense que tem uma gestão do futebol muito bacana, um modelo de jogo único e que ganha força com o sucesso na Libertadores; o Grêmio segue na linha de um comando muito personalista centrado na figura do Renato; Inter como um time regular que precisa de continuidade para crescer; Santos sem grandes anseios; Athletico continuando a ser modelo de gestão no futebol brasileiro; Bragantino fazendo bonito; Cuiabá e Fortaleza fazendo dentro do possível o dever de casa, e o grupo das SAFs (Atlético, Bahia, Botafogo, Coritiba, Cruzeiro, Vasco…) com tendência de se consolidarem no médio prazo como SAFs eficientes após as turbulências naturais da fase de implantação e transição.
Saudações!
Francisco Ferreira
Gestor Esportivo
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