⚽ FUTEBOL E INTENSIDADE

FUTEBOL E INTENSIDADE

Tempos atrás, ao fazer um curso de futebol em Portugal, fui visitar um amigo, então dirigente de um clube de Lisboa. Na ocasião, conversávamos sobre a intensidade do futebol atual e ele me mostrou dados de um estudo realizado por eles mesmos, que demonstravam que elencos com média de idade de 28 anos para cima, aumentavam em até 50% a suas chances de rebaixamento. Daí estarem investindo cada vez mais em jogadores jovens, principalmente oriundos de países africanos e sul-americanos.

Pois bem, analisando de longe algumas contratações feitas nesta época do ano pelos grandes clubes brasileiros na montagem de seus elencos para o ano que se inicia, parece não haver muito critério, ou pode ser até mesmo o mero desconhecimento dessa realidade que parece confrontar “idade x intensidade”.

O Corinthians de 2023, por exemplo, se mostrou claramente como um time envelhecido e com baixos índices de corrida intensa e sprints nas estatísticas coletadas de seu elenco ao longo da temporada. Algo contraproducente e incompatível com a intensidade do jogo atual. O mesmo se pode dizer de alguns jogadores do Fluminense na final do Mundial Interclubes ao enfrentar um time jovem e voando baixo, com um elenco formado por vários dos melhores jogadores do mundo, como o Manchester City. Em que pese o currículo invejável, a experiência e qualidade técnica de jogadores como Marcelo, Ganso e Felipe Mello, penso que pesou a idade e uma natural e consequente diminuição de sua competitividade naquele jogo.

Vejo agora um clube como o Santos que, depois de viver seu pior ano, quando além de ser rebaixado pela primeira vez no Campeonato Brasileiro, quase já o havido sido, também no Paulista, parece não ter aprendido nada! Senão vejamos: vai disputar apenas o Paulista e a Série B (está fora da Copa do Brasil), suas receitas cairão drasticamente… ao invés de se inspirar nos exemplos bem-sucedidos de Inter (2017) e Cruzeiro (2022) que buscaram formar elencos de acordo com as exigências competitivas de uma Série B, trazendo jogadores verdadeiramente “com fome”, aguerridos e ainda em busca de um lugar ao sol e realização financeira no cenário futebolístico, opta por trazer vários medalhões e veteranos! Ou seja, jogadores caros, sem a mesma intensidade e competitividade de anos atrás, e já realizados financeiramente… Pergunto: será mesmo que eles vão botar o pezinho nas disputas? Vão ralar a bunda no chão pra ganhar uma bola do adversário? Terão níveis aceitáveis de corrida intensa e sprints em suas estatísticas?! Não acredito! Analisando esse contexto, sinto dizer aos torcedores do Peixe que as perspectivas não são nada boas para 2024.

De resto, acredito que teremos um ano de muitos bons times em 2024: Inter tendo a continuidade de Coudet; Grêmio perdendo Suárez, mas reforçando seu time que fez um bom campeonato em 2023; CAP mantendo seu eficiente trabalho; São Paulo dando sequência com o eficiente Dorival; Palmeiras mantendo o poderio de sua excelente gestão do futebol; Corinthians rejuvenescendo seu elenco; Flamengo se ajustando mais ainda sob a liderança do Tite; Flu dando continuidade ao belo trabalho conduzido por Diniz & Cia; Botafogo aprendendo (espera-se) com os erros absurdos de 2023, quando tinha o Brasileiro nas mãos; Vasco devendo mostrar mais e com grandes possibilidades sob o comando diretivo de Pedrinho e a experiência de Ramón Diaz; Cruzeiro se reforçando de modo interessante e certamente enfatizando sua maior deficiência que foi o setor ofensivo em 2023; Atlético que cresceu muito no final, quando Felipão finalmente conseguiu implantar seu modo peculiar, feijão com arroz, mas eficiente, e se reforçando com um ótimo jogador como Scarpa… Acho que o Brasileirão de 2024 promete!

Saudações,

Francisco Ferreira

Gestor Esportivo

www.ceperf.com.br        

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